Cuiabá, 18 de Outubro de 2024

AGRONEGÓCIO Domingo, 13 de Outubro de 2024, 14:14 - A | A

Domingo, 13 de Outubro de 2024, 14h:14 - A | A

ESTUDO

Banana: uma das piores doenças da cultura precisa de vazio sanitário de 2 anos, diz Embrapa

A murcha-bacteriana ou moko da bananeira é uma das mais destrutivas das plantas cultivadas em áras de várzea

Canal Rural

Com base em resultados de pesquisa da Embrapa Amazônia Ocidental (AM) em parceria com Embrapa Roraima, cientistas recomendam o período de 24 meses para o vazio sanitário de bananeiras para a recomposição de áreas de terra firme afetadas pela murcha-bacteriana ou moko da bananeira.

A doença é causada pela bactéria Ralstonia solanacearum raça 2, uma praga quarentenária presente sob controle oficial, que se encontra disseminada no Amapá, Amazonas, Roraima, Pará, Pernambuco, Rondônia e Sergipe.

O moko é uma das doenças mais destrutivas das bananeiras cultivadas em áreas de várzea da região amazônica, onde as inundações anuais são o ponto crucial para disseminação da bactéria, pois as águas das enchentes disseminam o patógeno ao longo dos rios, contaminando todos os plantios à jusante do bananal afetado.

 

Nos municípios de Tabatinga e Manicoré, no Amazonas, por exemplo, os plantios são afetados pela doença, pois estão estabelecidos nas áreas de várzea da calha do Alto Solimões e do Rio Madeira, respectivamente. Nesse caso, a erradicação do mal é praticamente impossível, pois todos os anos as áreas são inundadas e as águas das enchentes disseminam a bactéria.

Banana; bananal; bactéria
Foto: Luadir Gasparotto/Embrapa

Nas áreas de terra firme, a bactéria se comporta como um patógeno transeunte do solo, pois sobrevive nesse ambiente por tempo limitado. Ela não resiste na ausência de resíduos da planta hospedeira e tampouco produz endósporos, que são estruturas de resistência que garantem a sua sobrevivência sob condições de estresse ambiental. Após o vazio sanitário de dois anos, pode-se plantar novamente bananeiras de mudas sadias no local.

Não há cultivares resistentes, e o controle químico também não funciona, porque a doença é vascular, informam pesquisadores da Embrapa. 

“Em áreas de terra firme, a doença só ocorre quando os produtores utilizam, no plantio, mudas contaminadas oriundas das várzeas. A bactéria é disseminada por contato das raízes entre as plantas e, em poucos meses, causa a morte de todo o plantio”, explica o pesquisador Luadir Gasparotto.

Como a disseminação de R. solanacearum raça 2 para as áreas de terra firme é antrópica (causada por ação humana), ela pode ser evitada com medidas de exclusão, ou seja, plantio de mudas sadias, desinfestação de máquinas e implementos utilizados no bananal doente e proibição do trânsito desordenado de veículos, de pessoas e de caixas usadas para transporte das bananas entre os plantios.

Segundo a pesquisa, as medidas de erradicação apresentam bons resultados em plantios de banana em terra firme, mas, para recomendar a erradicação, foi importante definir o período de sobrevivência da bactéria no solo.

Para a erradicação da doença, é importante que todas as bananeiras sejam mortas. Os pesquisadores recomendam que não se deixe nenhuma planta viva. Após a morte de todas as bananeiras, é recomendável que a área seja cultivada com outras culturas, como mandioca, abacaxi, mamão e milho, durante pelo menos 24 meses.

Nesse período, todos os resíduos orgânicos do bananal serão decompostos. Após o vazio sanitário, sem bananeiras, durante 24 meses, a mesma área poderá ser estabelecida com novo plantio dessa planta, mas com mudas de procedência conhecida livre de moko.

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