Cuiabá, 07 de Setembro de 2024

BRASIL Quarta-feira, 17 de Julho de 2024, 14:36 - A | A

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Evento no Planalto

Lula recebe alerta de Janja e decide ler discurso para 'não criar problema'

G1

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira (17) que levou uma chamada da primeira-dama, Janja, e, por isso, decidiu ler um discurso elaborado pela sua assessoria em um evento com pessoas com deficiência. O petista disse ter tomado a decisão para não "criar um problema".

Lula participou da 5ª edição da Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência. A conferência foi convocada em abril de 2023 e ocorre em Brasília após as etapas municipais, estaduais e livres.

"Janja me alertou de uma coisa. Ela falou: 'Amor, tome cuidado com cada palavra que você vai falar porque essa gente tem a sensibilidade aguçada'. Então, eu decidi ler para não falar nenhuma palavra que possa me criar problema", afirmou Lula.

"Também se eu falar alguma palavra, vocês sabem que nesse assunto vocês são os especialistas. Vocês sabem que eu sou um analfabeto e preciso aprender muito com vocês para a gente aprender a cuidar de vocês com o carinho e com o respeito que é necessário", completou o petista.

A decisão de ler um discurso preparado pela assessoria ocorre um dia depois de o presidente dar uma declaração controversa sobre violência contra mulheres.

Durante uma reunião nesta terça-feira (16) no Palácio do Planalto, Lula afirmou que é "inacreditável" que a violência contra a mulher aumente depois de jogos de futebol, mas complementou a fala dizendo que "se o cara é corinthiano, tudo bem".

No discurso lido, Lula destacou a importância para democracia e para a qualidade de vida das pessoas a realização de encontros com a conferência desta quarta.

"A construção deve ser horizontal e não apenas com os governantes, dos seus palácios, tomando decisão de forma vertical sobre realidade que não conhecem integralmente. Reafirmamos nosso compromisso de criar condições para que vocês tenham acesso a todos os direitos constitucionais que o Estado tem o dever de assegurar sem deixar ninguém para trás", afirmou.

Lula, em momento de improviso, defendeu destinar recursos para ações voltadas às pessoas com deficiência e outras áreas sociais.

“Eu brigo todo santo dia no governo. Toda vez que a gente vai discutir um assunto qualquer, sempre aparece um artigo no jornal, sempre aparece um artigo na revista, sempre aparece um comentarista na televisão para dize não. A gente vai gastar muito. Vai gastar com educação, vai gastar com saúde, vai gastar com transporte, vai gastar com reforma agrária, vai gastar com pessoa com deficiência”, disse.

Transtorno do Espectro Autista

Nesta quarta, o governo anunciou nesta quarta a criação do Sistema Nacional de Cadastro da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (SisTEA).

A medida visa facilitar a emissão padronizada da Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea). O sistema é gerido pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.

Trabalho análogo à escravidão

Ao final do discurso, quando voltou a falar de improviso, Lula afirmou que chamou a sua atenção o caso de Sônia Maria de Jesus que foi retirada da casa de um desembargador e, após decisão judicial, voltou a morar no local.

"Como é que pode haver uma decisão para que essa pessoa que estava há 41 anos numa casa voltasse para a mesma casa? Em nome do quê? Em defesa do quê? Eu não quero criminalizar e julgar, mas a casa que ela trabalhava era de um desembargador. Então, não tem sentido", disse Lula, que se dirigiu ao ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida.

"Eu só quero, Silvio, dizer para você que eu me interessei pelo caso e vou consultar alguns ministros para saber o que de fato está acontecendo porque, se a sociedade para de deixar de acreditar nas instituições, sabemos o que pode acontecer neste país", completou o petista.

Em setembro do ano passado, o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), manteve uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que autorizou o desembargador Jorge Luiz Borba, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, a voltar a ter contato com a mulher. O Ministério Público do Trabalho havia acusado a família dele de tê-la mantido em situação semelhante à escravidão.

Em junho de 2023, Sônia foi retirada, em uma operação do Ministério Público do Trabalho e da Polícia Federal, da casa onde ela vivia desde criança. Ela tem surdez desde a infância e não sabe a Língua Brasileira de Sinais.

O desembargador sempre negou as denúncias de trabalho forçado e condições degradantes, afirmando que ela era tratada como seus filhos.

 

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