Internada no Instituto Pinel, no Rio, Regininha Poltergeist não vinha sofrendo apenas com os surtos frequentes. Diagnosticada com Transtorno Psicótico, a musa dos anos 90 estava sob forte estresse por conta das dívidas e a falta de trabalho. Aos 53 anos, Regina Soares deve R$ 13,4 mil na praça.
A inadimplência começou em 2020, com a falta de pagamento de uma conta de luz, no valor de R$ 61, que ainda não foi quitada. Depois disso, Regininha deixou de honrar com prestações de empréstimos, que somam mais de R$ 13 mil e teve o nome colocado em protesto por uma conta e aberto de R$ 108.
Nem sempre foi assim. Regininha, uma estrela no início da década de 1990, chegou a faturar alto por conta de sua personagem no show "Básico Instinto", idealizado por Fausto Fawcett. Só de capas para revistas masculinas foram dez. Segundo amigos próximos da musa, ela gastou muito dinheiro em vão.
"A Regininha adorava esbanjar. Não soube administrar a grana que entrava e gasava sem pensar no amanhã. Ela só gostava de lugar caro, almoçava e jantava todo dia em restaurantes, comprava muita bolsa, sapato, roupa, nunca guardou nada e foi muito roubada também. Principalmente pelos homens que se envolveu", revela um destes amigos.
Quando ela foi mãe e saiu de cena, a situação econômica já não estava lá essas coisas. A separação do pai do único filho, hoje com 19 anos, foi segundo Regina um período traumático, por ela relatava viver um relacionamento abusivo. Sem dinheiro para sustentar a ela e à criança, Regininha entrou para o muno dos filmes eróticos, nos anos 2000, quando outras famosas como Gretchen e Rita Cadillac também toparam a empreitada.
"Ela deve ter recebido para fazer estes filmes o equivalente a um prêmio do 'BBB' hoje, e mais uma vez a grana evaporou. E a Regina sempre acreditou demais nas pessoas, era ludibriada. O pai não tinha noção dos contratos também e o resultado hoje é esse", diz o mesmo amigo.
Ele se refere à situação em que se encontram Regina e o pai, Nelson, de 83 anos, que vive da aposentadoria em seu apartamento no Méier. O imóvel tem várias contas atrasadas e está deteriorado pelo tempo e a falta de dinheiro para a manutenção. Amiga de longa data de Regininha, dos tempos de “Básico Instinto”, Marinara Costa está tentando ajudar no que pode e estudando a possibilidade de fazer uma vaquinha para sanar alguns problemas financeiros da amiga.
O que aconteceu com a musa
Na cabeça de Regina, que sofre com o transtorno há pelos menos quatro anos, essas pessoas "a perseguem e querem matá-la". Em 2021 e 2022, no auge dos surtos, ela ligava insistentemente para o meu celular relatando os "abusos" que vinha sofrendo, enquanto morava numa comunidade da Zona Oeste. Área dominada pela milícia.
Na primeira vez, ela disse que havia procurado a polícia, mas eles não acreditaram nela. É que Regininha já tinha estado na delegacia várias vezes, com revelações um tanto fantasiosas. "Eles pararam de ouvi-la, porque perceberam que ela não falava coisa com coisa", diz um amigo.
Várias vezes o celular tocou de madrugada com Regina dizendo que "pessoas haviam colocado um g s na casa ela para que ela não dormisse, e que a fumaça vinha da geladeira". Além de jurar que "ouvia vozes o tempo inteiro que diziam que acabariam com sua vida". "Eu não sou louca! Isso realmente está acontecendo, você me conhece", dizia.
Regina recusou por várias vezes a ajuda dos amigos que se preocupavam com sua saúde mental. Um deles, amigo desde a adolescência, conseguiu com muito custo levá-la a um psiquiatra, que a diagnosticou com transtorno psicótico e receitou remédios, além de ajuda psicológica. Ela não quis tomá-los e se agarrou ainda mais à igreja Bola de Neve, que frequentava na Barra da Tijuca, na Zona Oeste. "Se não fosse a fé da Regina, nem sei se ela estaria vida hoje", opina o tal amigo.
Há um ano, após ser expulsa da comunidade, Regininha voltou a morar na casa do pai, Nelson Soares, de 83 anos. A mãe e a irmã morreram de câncer e restaram apenas os dois. Foi um período um pouco mais calmo e ela até tentou retomar a vida artística, fazendo pequenos shows com o cantor Luciano Bahia, famosos na mesma época em que ela foi.
Não deu muito certo. Regininha passou a beber demais e os surtos voltaram, com ela sempre exigindo mais dinheiro de cachê. Em casa a situação não era diferente. A musa dos anos 90 acreditava que seus vizinhos, no caso, os primos, estavam produzindo uma fumaça tóxica para atentar contra sua vida.
Volta à prostituição
Com isso, Regina deixou o apartamento do pai no Méier, o mesmo de onde saiu para brilhar nos palcos, e alugou um conjugado no Centro do Rio. Sem renda fixa, passou a oferecer massagens por R$ 100. Mas foi nesse meso período que ela voltou a se prostituir, garante uma ex-vizinha. Como nem as massagens, nem os programas estavam fluindo, e Regininha passou a se sentir novamente perseguida pelos moradores do prédio, ela foi despejada, retornando à casa do pai.
Há poucas semanas, depois que o caso foi levado à Justiça por uma prima de Regina, foi feito um acordo, na presença de um juiz e ela acatou a determinação de ficar longe dos parentes e não mais perturbar a ordem, sob pena de reclusão. Dias depois, ela descumpriu o acordo e teve expedida a internação de custódia.
Agora ela está medicada, passou o dia seguinte mais calma, e recebeu uma visita. Regininha reclamou do calor em sua primeira noite no Pinel, já que o ar-condicionado está quebrado na sua ala, mas soube que não pode receber um ventilador.
Regininha ainda atende pela alcunha que ganhou e a tornou famosa, inspirado no longa "Poltergeist, o fenômeno", que conta a história de uma família da Califórnia que precisa lidar com acontecimentos estranhos e assustadores, quando espíritos começam a se comunicar através de um aparelho de TV.
