O exército israelense afirmou nesta terça-feira, 18, estar realizando "ataques extensivos" na Faixa de Gaza.
Um porta-voz da agência de Defesa Civil de Gaza, administrada pelo Hamas, disse à BBC que pelo menos 330 palestinos foram mortos e outras centenas ficaram feridas nos ataques.
Em uma declaração, as Forças de Defesa de Israel (FDI) disseram estar mirando o que chamaram de "alvos terroristas" pertencentes ao Hamas.
Citando médicos e testemunhas, a agência Reuters informou que três casas foram atingidas em Deir Al-Balah, no centro de Gaza, além de um prédio na Cidade de Gaza e alvos em Khan Younis e Rafah.
Esta é a maior onda de ataques aéreos em Gaza desde que o cessar-fogo na guerra em Gaza começou, em 19 de janeiro. Ainda há impasse nas negociações para estender o cessar-fogo.
Recentemente, o exército de Israel emitiu novas ordens de evacuação para várias áreas em Gaza.
Muitos estão fugindo para áreas que consideram mais seguras. Israel aconselhou os moradores de Gaza a irem para Khan Younis no sul ou áreas ocidentais da Cidade de Gaza.
Rosalia Bollen, porta-voz da Unicef que está em Al-Mawasi, no sul de Gaza, disse à BBC que acordou com o som "de explosões muito, muito alto".
"Nossa casa estava tremendo. Pelos próximos 15 minutos... ouvimos explosões quase a cada cinco ou seis segundos."
O coordenador humanitário da ONU para o Território Palestino Ocupado, Muhannad Hadi, disse: "Isso é inconcebível. Um cessar-fogo deve ser restabelecido imediatamente".
A correspondente da BBC em Jerusalém, Yolande Knell, disse que "dois meses de relativa calma em Gaza terminaram rapidamente durante a noite".
Segundo ela, líderes políticos do Hamas estão supostamente entre os mortos — mas médicos dizem que muitas crianças também foram mortas nos ataques aéreos.
Cessar-fogo violado
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o ministro da Defesa, Israel Katz, ordenaram os ataques na manhã de terça-feira (18/03, no horário local; noite de segunda-feira, 17, no Brasil), de acordo com uma nota do gabinete do primeiro-ministro.
"Isso vem depois da reiterada recusa do Hamas em libertar nossos reféns, bem como sua rejeição de todas as propostas apresentadas pelo enviado presidencial dos EUA Steve Witkoff e pelos mediadores", diz a nota.
"Israel, de agora em diante, agirá contra o Hamas com força militar crescente."
O plano para a realização dos ataques "foi apresentado pelas FDI no fim de semana e aprovado pela liderança política", completou o gabinete. A rede americana CBS noticiou que Israel informou a Casa Branca sobre seu plano de ataque.
Já o Hamas acusa Israel de atacar "civis indefesos" e diz que os mediadores devem responsabilizar Israel "totalmente" por "violar o cessar-fogo".
Os negociadores têm tentado encontrar um caminho para a paz depois do fim do prazo da primeira fase do cessar-fogo, em 1º de março.
Os EUA propuseram estender a primeira fase até meados de abril, incluindo uma nova troca de reféns mantidos pelo Hamas e prisioneiros palestinos mantidos por Israel.
Mas um oficial palestino familiarizado com as negociações disse à BBC que Israel e o Hamas discordaram sobre os principais aspectos do acordo estabelecido por Witkoff nas negociações indiretas.
A mais recente guerra entre Israel e o Hamas começou em 7 de outubro de 2023, quando o grupo palestino matou mais de 1.200 pessoas no sul de Israel, a maioria civis, e capturou 251 reféns.
O ataque desencadeou uma ofensiva militar israelense que já matou mais de 48.520 pessoas, a maioria civis, de acordo com o Ministério da Saúde administrado pelo Hamas — dados que são usados pelas Nações Unidas e outros.
A maior parte da população de 2,1 milhões de Gaza precisou se deslocar várias vezes.
Estima-se que 70% dos edifícios do território palestino foram danificados ou destruídos. Os sistemas de saúde e saneamento entraram em colapso, e há escassez de alimentos, combustível, remédios e moradia.