Nasceu em Cuiabá-MT, a 26 de janeiro de 1878. Filha do primeiro matrimônio de Generoso Paes Leme de Souza Ponce e d. Maria Honorina Leite de Souza Ponce. Casada com o coronel João Pedro de Arruda, fazendeiro no lugar denominado “Baia dos Pássaros” e depois em “Cuiabá Mirim” e “Correr d´Água, foi usineiro em “Flexas”- Cáceres. Foi membro assíduo da Liga do Bom Jesus, e um modelar Vicentino, falecido em 09 de junho de 1949.
Esposa dedicada e mãe exemplar. Católica fervorosa, praticou sempre, com devotamento e constância a sublime virtude da caridade. Bondosa em extremo, preferia sofrer calada a magoar alguém. Foi conselheira da Irmandade da Imaculada Conceição, em Cuiabá, junto a Anna Virginia de Farias, Carlinda Monteiro Rabelo, em janeiro de 1929, conforme jornal A Cruz.
Dona Adelina foi muito estimada e conhecida pelas suas virtudes cristãs, tendo dirigido por largos anos a Liga Pró Lázaros e a Sociedade Cuiabana de Assistência aos Lázaros, a partir de 25 de fevereiro de 1934 e, Defesa contra a Lepra, depois Federação das Sociedades Eunice Weaver. Foi durante 12 anos ininterruptos digna presidente da Sociedade Feminina de Assistência aos Lázaros, onde sempre trabalhou com intensa dedicação.
A Liga administrada por Adelina Ponce funcionava na Santa Casa de Misericórdia, em Cuiabá-MT e foi fundada com o objetivo exclusivo de auxiliar a Santa Casa na obra de manutenção do Hospital São João, onde eram segregados, para proveito dos sãos, os infelizes doentes do mal de Hansen.
Em 1940, Adelina Ponce e Bernadina Rich encabeçaram um movimento para a construção de um Preventório para abrigar os filhos dos hansenianos, na capital mato-grossense. Elas contaram com a ajuda de servidores do departamento de saúde pública de Cuiabá, os quais doaram um dia do seu trabalho, convertido em dinheiro, para ajuda da referida casa. O encerramento da campanha foi realizado no Palácio Alencastro, cuja campanha iniciada por Eunice Weber, tornou-se muito importante para a Capital. Presentes ao ato D. Aquino Corrêa, o interventor Júlio Muller.
Em 15 de fevereiro de 1942, Adelina Ponce e Maria de Arruda Muller organizaram um deslumbrante Baile de Máscaras, nos salões do Grande Hotel, em Cuiabá, em benefício do Abrigo Bom Jesus e Liga Feminina Pro Lázaros.
A 30 de novembro de 1943, Adelina Ponce participou da inauguração do Educandário Getúlio Vargas, na cidade de Campo Grande-MS, destinado a filhos de hansenianos, para cuja obra trabalhou intensamente. Foi uma das pioneiras da construção do Abrigo Bom Jesus de Cuiabá.
No ano de 1958 sua família se reuniu para festejar seus 80 anos de idade, com uma missa na Sé Catedral de Cuiabá. Pertenceu Adelina Ponce a Liga da Imaculada Associação das Mães Cristãs. Fazia parte da diretoria da União das Ex alunas salesianas. Foi aluna mais antiga das Irmãs, Filhas de Maria Auxiliadora em Cuiabá. Foi presidente de honra da Ala Feminina em propaganda das candidaturas de Juscelino Kubitschek e João Ponce de Arruda.
Pelos seus trabalhos em prol da Liga, Dona Adelina tem o seu retrato inaugurado na “Galeria da Saudade”, organizado por D. Eunice Weaver, na sede da Federação, no Rio de Janeiro-RJ.
A ideia da Federação das Sociedades de Assistência aos Lázaros e Defesa Contra a Lepra surgiu em São Paulo, em 1933, quando se pensou em federar oito sociedades já existentes, nos moldes da Sociedade de Assistência aos Lázaros e Defesa Contra a Lepra das quais a primeira fora fundada na Capital Paulista, em 1929, por Alice Tibiriçá.
Outras associações, com as mesmas finalidades, existentes nos Estados, ligaram-se direta ou indiretamente a essa Federação, passando a maioria delas a denominação uniforme de “Sociedade de Assistência aos Lázaros e Defesa Contra a Lepra” e, sob a influência da Federação, novas sociedades homônimas foram fundadas em muitos municípios brasileiros. O evento teve enorme repercussão e contou com participantes de quase todas as unidades federativas, inclusive muitos médicos e membros de institutos de pesquisa.
A Lepra foi por muito tempo considerada incurável, além de grande mutiladora. Quem chegou a conhecer esse mal em época anterior a descoberta de sua cura, sabe que os doentes chegavam a perder partes do corpo, que caiam sem serem sentidas. Era muito comum, a perda dos dedos das mãos e pés, partes que eram muito vistas, por serem mais expostas. Em todo o mundo o tratamento era o mesmo: segregação forçada, ou seja, o doente era procurado como um “cão doente”. Era obrigado, como meio de prevenção, para a família e a sociedade, a viver em albergues ou hospitais.
Adelina Ponce de Arruda é mãe de 11 filhos: Nilo Ponce de Arruda, Maria de Arruda Muller, Generoso Ponce Neto, Ecila de Arruda Pimenta, Haydée de Arruda Levy, João Ponce de Arruda, Palmyro Ponce de Arruda, Dinah de Arruda Vanden Bosch, Hélio Ponce de Arruda, Generoso Ponce de Arruda, Rui Ponce de Arruda.
Faleceu em Cuiabá a 5 de junho de 1962.
(*) NEILA BARRETO é jornalista, mestre em História e membro da AML e atual presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso.