Na última apresentação de "Esperando Godot" no Rio de Janeiro, convidados de peso estavam na plateia, como Fernanda Montenegro. Na primeira fileira, a atriz, de 95 anos, recebeu agradecimentos especiais dos protagonistas Marcelo Drummond e Alexandre Borges no fim do espetáculo, e acabou convidada para subir ao palco. Bastante aplaudida, a artista também se emocionou ao celebrar a vida do amigo Zé Celso, fundador do Teatro oficina, que morreu em julho do ano passado, e foi um dos idealizadores do espetáculo em questão.
— Celebramos esse diretor, criador, batalhador. Estamos aqui hoje ao lado de um elenco maravilhoso, que faz a profissão de uma forma mística. Esse espetáculo que acabei de ver não é só um espetáculo, é um cerimonial. O que está atrás dele é a nossa mais criativa vocação em prática, em cena — disse Fernanda.
A atriz também ficou bastante tocada por ver o Teatro Carlos Gomes lotado para ver a peça. E fez uma reflexão sobre a importância do público em busca de algo presencial, em meio a um mundo cada vez mais digital.
— Na idade que eu estou, praticamente um século, e vejo teatro desde os meus dez anos... Estamos aqui e vocês vêm nos ver, nesse tempo eletrônico, em que tudo é um botão que aperta, e vivemos cada vez mais separados, sentados dentro de casa ou de um escritório. Os nossos teatros estão lotados.
Foi então que a artista ficou sem palavras, tocada com todo carinho.
— Para nós que vivemos no palco, no teatro, sem vocês a gente não existe. Em um tempo em que às vezes algumas pessoas têm uma ideias agressivas de nós, os esquisitos (risos). E que bom que vocês estão conosco. Nós estamos vivos como seres humanos, criativos, fraternos. Muito obrigada. Por mais que eu fale, não dou conta de dizer o quanto isso significa para nós.
Após a temporada carioca, o espetáculo "Esperando Godot" volta para uma curtíssima temporada em São Paulo, na sede do Teatro Oficina Uzyna Uzona, entre os dias 13 e 23 de dezembro.