Cuiabá, 18 de Outubro de 2024

INTERNACIONAL Segunda-feira, 14 de Outubro de 2024, 08:44 - A | A

Segunda-feira, 14 de Outubro de 2024, 08h:44 - A | A

Conflito no Oriente Médio

Em resposta a Netanyahu, premier da Espanha recusa retirar forças de paz da ONU do Líbano

Pedro Sánchez também voltou a dizer que a comunidade internacional deveria suspender o envio de armas para Israel

O Globo com agências internacionais

O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, afirmou nesta segunda-feira que a Força da ONU no Líbano (Unifil, na sigla em inglês) não vai se retirar do país do Oriente Médio, um dia após o apelo do premier de Israel, Benjamin Netanyahu, para que os capacetes azuis — como são conhecidos os soldados internacionais em missões de paz pela ONU — fossem retirados do sul do país, região que se transformou em uma zona de guerra ativa com operações terrestres. A missão tem cerca de 10 mil soldados, 650 dos quais são espanhóis, e atualmente é liderada pelo general espanhol Aroldo Lázaro.

— Condenamos, como não pode ser de outra forma, e continuaremos condenando enfaticamente a declaração que o primeiro-ministro Netanyahu fez ontem — disse Sánchez em um fórum organizado pelo grupo de mídia Prisa em Barcelona. — Não haverá retirada da Unifil, porque o nosso compromisso com a legalidade internacional, nos termos estabelecidos na resolução 1701 [do Conselho de Segurança da ONU], faz mais sentido hoje do que nunca.

Netanyahu instou o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, no domingo, a retirar as forças da Unifil do sul do Líbano, palco dos principais confrontos entre o Exército israelense e o Hezbollah. Em um discurso gravado em inglês, o premier afirmou que a responsabilidade por incidentes com soldados da força internacional seria do representante da ONU, acrescentando que as forças seriam reféns do grupo libanês até o momento.

— Sua recusa em retirar os soldados da Unifil os torna reféns do Hezbollah. Isso coloca em risco tanto eles quanto a vida de nossos soldados — declarou o premier. — Lamentamos os danos causados aos soldados da Unifil e estamos fazendo todo o possível para evitar tais danos. Mas a maneira mais simples e óbvia de garantir isso é simplesmente retirá-los da zona de perigo.

Nos últimos dias, pelo menos cinco soldados da paz ficaram feridos durante os combates entre o exército israelense e o movimento pró-Irã Hezbollah no sul do Líbano. Estes ataques foram fortemente condenados pela ONU, que os referiu como um possível “crime de guerra”.

Pedro Sánchez, que multiplicou as críticas contra Israel desde o início do conflito na Faixa de Gaza, há um ano, apelou mais uma vez à comunidade internacional para “suspender imediatamente o envio de armas para Israel”.

— Sem armas não há guerra — insistiu o líder socialista, que quer também que a Comissão Europeia ponha fim ao seu “acordo de associação com o governo de Israel, se se verificar, como tudo indica, que os direitos humanos estão sendo violados".

Origem da missão
A Unifil foi criada pelo Conselho de Segurança da ONU durante a Guerra Civil Libanesa (1975-1990), em 1978, quando tropas israelenses invadiram o sul do país sob a alegação de estar protegendo o norte do seu país de combatentes da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), uma organização política e paramilitar fundada nos anos 1960. Na época, 6 mil soldados foram enviados para a missão de paz.

Apesar da presença da missão, as tropas israelenses, com o apoio de falanges cristãs maronitas libanesas, estenderam os confrontos contra a OLP e o Hezbollah, milícia xiita que surgiu naquela época, até a capital Beirute, permanecendo na região de 1982 a 1985. Nesse período, o Conselho de Segurança ordenou, por meio da resolução 425, que Israel retirasse suas forças de todo o Líbano, mas o país só deixou o território libanês em 2000. O mandato da missão é renovado pelo Conselho de Segurança anualmente.

Desde a brutal guerra entre Israel e Hezbollah em 2006, a Unifil exige a implementação da resolução 1701 do Conselho de Segurança, que encerrou o conflito. De acordo com o texto, ambos os lados se comprometiam a cessar as hostilidades transfronteiriças e apenas o Exército libanês e as forças de paz da ONU poderiam atuar no sul do Líbano. Suas determinações, no entanto, nunca foram completamente cumpridas, mantendo a necessidade das tropas da ONU na região até hoje.

Desde a instituição Unifil, 334 capacetes azuis morreram em serviço.

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