Cuiabá, 19 de Setembro de 2024

OPINIÃO Terça-feira, 17 de Setembro de 2024, 08:37 - A | A

Terça-feira, 17 de Setembro de 2024, 08h:37 - A | A

ROSANA LEITE ANTUNES DE BARROS

Marie Popelin

Após a conclusão do curso em direito, Marie fez requerimento para ser admitida na ordem dos advogados e advogadas, o que lhe permitiria atuar na profissão.

ROSANA LEITE ANTUNES DE BARROS

Nasceu na cidade de Scherbeek, na Bélgica, em 16 de setembro de 1846, tendo falecido aos 66 anos. Feminista, advogada, professora e ativista política, tornou-se a primeira mulher belga doutora em direito.

Após a conclusão do curso em direito, Marie fez requerimento para ser admitida na ordem dos advogados e advogadas, o que lhe permitiria atuar na profissão. Todavia, seu pedido foi indeferido, mesmo não havendo norma a proibir explicitamente o exercício da profissão por mulheres. Todavia, ela não logrou êxito, nem mesmo na Suprema Corte, tendo causado um certo “barulho” na imprensa belga e estrangeira.

A sociedade da época passou a entender que mesmo as mulheres podendo cursar o ensino superior, lhes era vedado o exercício da profissão. Assim, apenas a educação superior não era possível solucionar a imensa “vala” que existia entre o ser e o poder.

A situação adversa enfrentada pela ativista contribuiu para a transição do feminismo educacional para o político. Algumas mulheres que estavam cursando o ensino superior, narra a história, desanimaram inicialmente. Foi no ano de 1922 que as mulheres belgas puderam exercer a advocacia.

Popelin esteve ativamente em duas conferências em Paris em 1889, quando a semente do feminismo estava sendo lançada mundialmente. Assim, ela foi a responsável por fundar a Liga Belga pelos Direitos das Mulheres, no ano de 1892.
A ativista não conseguiu o seu desiderato imediato à época. Mas, sem dúvida, incentivou as mulheres que a sucederam na educação e na política. A sua morte se deu no ano de 1913, quando as mulheres rogavam pelo primeiro direito a ser alcançado: o sufrágio universal. A história belga reconhece a respectiva importância dela para a criação do feminismo na Bélgica.

Nada de novo, porquanto, até a presente data, é visível a desigualdade de gênero. As conquistas são inúmeras, tendo em vista as muitas “Maries” que teimam em pensar nas futuras gerações. De outro lado, os muitos obstáculos persistem a “olho nu”, pelos estereótipos e a dominação masculina que fazem com que as desigualdades alimentem as violências.

Marie Popelin recebeu homenagens após a sua passagem. No ano de 1975, declarado como o Ano Internacional da Mulher, o seu rosto foi estampado em um selo dos correios do seu país natal. Em 2011, estampou a moeda comemorativa de dois euros do país, em comemoração ao centenário do Dia Internacional da Mulher. O programa televisivo “De Grootste Belg”, no ano de 2005, a elegeu entre uma das maiores personalidades de todos os tempos.

Cyndi Lauper foi precisa: “Eu apenas acredito que as mulheres fazem parte da espécie humana, com os mesmos direitos que todos”.

(*) ROSANA LEITE ANTUNES DE BARROS é defensora pública estadual e mestra em Sociologia pela UFMT.

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