Cuiabá, 09 de Janeiro de 2025

OPINIÃO Segunda-feira, 06 de Janeiro de 2025, 13:21 - A | A

Segunda-feira, 06 de Janeiro de 2025, 13h:21 - A | A

ROSANA LEITE ANTUNES DE BARROS

Simone de Beauvoir

Com ampla produção na escrita, filósofa, editora, tradutora, ativista, feminista, autora de obras de ficção e não ficção, ensaísta, produtora de tratados, peças de teatro, manifesto, romances, contos, novelas, relatos de viagem, memórias, cartas, diários

ROSANA LEITE ANTUNES DE BARROS

Simone Lucie Ernestine Marie Bertrand de Beauvoir, ou Simone de Beauvoir, nasceu em 9 de janeiro de 1908 em Paris, falecendo no mesmo local aos 78 anos.

Com ampla produção na escrita, filósofa, editora, tradutora, ativista, feminista, autora de obras de ficção e não ficção, ensaísta, produtora de tratados, peças de teatro, manifesto, romances, contos, novelas, relatos de viagem, memórias, cartas, diários e reportagens.

A família da filósofa investiu em sua formação escolar, tendo sido matriculada no tradicional Institut Catholique de Paris. No ano de 1927 iniciou a sua formação em Filosofia na Sorbonne, e aos 21 anos foi a estudante mais jovem a se tornar professora de Filosofia até então. Ministrou aulas em liceus femininos, de 1931 a 1935, nas cidades de Marselha e Rouen. Os seus textos literários e filosóficos começaram a ser publicados durante a Segunda Guerra Mundial, e após o fim da guerra.

A escritora teve grande contribuição para o existencialismo, a fenomenologia e a filosofia feminista. Teve na ética, na política e na teoria feminista os seus temas centrais, com destaque para a liberdade e a ambiguidade. Destacou-se, ainda, por enfrentar a forte resistência à atuação das mulheres na esfera pública, tendo ela própria sofrido pela dificuldade do seu reconhecimento como filósofa. Refletiu: “Em todas as lágrimas há uma esperança.

Em seu tão famoso e comentado livro “O segundo sexo”, dividido em dois volumes, Beauvoir traça como a opressão masculina deve ser analisada historicamente, com os dilemas e mitos ainda enxergados. Dilucida sobre a apropriação indevida pelo masculino quanto ao positivo, considerando o feminino como negativo, e o neutro como ser humano. Assim, para ela surgiu a “outridade” para as mulheres, o que as levou à perda da identidade social, ficando o sexo feminino relegado e limitado aos efeitos do patriarcado. No primeiro volume a autora faz a análise quanto as múltiplas perspectivas (biológica, psicanalítica, materialista, histórica, literária e antropológica), afirmando que nenhuma delas define a mulher, mas que vem contribuindo para que sejam reconhecidas como “outras”. Já no segundo volume, que já se inicia com a célebre frase “Não se nasce mulher, torna-se mulher”, é mostrado por ela o absurdo dos papeis de gênero, que as fazem viver na absoluta monotonia. Disse: “Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado, que qualificam de feminino.”

Simone de Beauvoir se dedicou a algumas perguntas durante o seu estudo, que diziam respeito ao sentido da vida individualmente. Dentre os seus questionamentos, a filósofa especificamente se debruçava sobre “para que agir?” Para a escritora, o único sentido da vida é a liberdade como forma de ampliar os respectivos limites. Beauvoir acreditava que a desigualdade entre as pessoas atinge a ética em ampliar o conceito de liberdade. Um dos objetivos para ela em se enfrentar as desigualdades é a de “liberar a liberdade”. A existencialista ditou: “É horrível assistir à agonia de uma esperança”.

Dentre os muitos livros da autora, o romance existencialista “Os Mandarins” foi escrito logo após a Segunda Guerra e exteriorizou que a angústia pode ser palpável. O livro fala sobre o papel dos intelectuais pós guerra, onde a moralidade é explorada em personagens que navegam em relacionamentos instáveis entre si. Com a obra, ela foi agraciada com o Prêmio Goncourt.

A intelectual brincava com as palavras. Aliás, é dela: “Por vezes a palavra representa um modo mais hábil de se calar o silêncio.”

(*) ROSANA LEITE ANTUNES DE BARROS é defensora pública estadual e mestra em Sociologia pela UFMT.

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