Uma a cada quatro empresas que geram emprego no Brasil morre antes do primeiro aniversário, aponta pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada nesta quinta-feira (5).
A nova edição do relatório "Demografia das Empresas e Estatísticas de Empreendedorismo" apresentou características das empresas formais brasileiras, os movimentos de entrada, saída e sobrevivência no ano de 2022. MEIs não são considerados.
De acordo com o IBGE, apenas 76,2% das empresas empregadoras que nasceram em 2017 sobreviveram até 2018. E essa taxa de sobrevivência caiu para 37,3% quando se expande a janela de análise até 2022.
Em outras palavras, quase dois terços das empresas empregadoras no Brasil não duraram mais que cinco anos. Mas o número melhorou. Das empresas abertas em 2021, 79,6% sobreviveu até 2022.
No estudo de 2022, foram identificadas 210,7 mil mortes de empresas empregadoras no ano de 2020. A morte de empresa empregadora é um evento caracterizado pelo encerramento da atividade ou interrupção de pelo menos 24 meses após o ano de referência.
Pelos critérios do IBGE, o levantamento de 2022 consolida os encerramos realizados em 2020, já que são contabilizadas para a taxa de mortalidade apenas as empresas que estão há dois anos sem atividades.
"É um movimento natural das empresas ao longo do tempo (...) elas vão deixando suas atividades conforme encontram dificuldades ao longo do caminho" , explica Eliseu Oliveira, analista da pesquisa.
"Sem dúvida, esse é um movimento global. O funcionamento da firma é isso: ao longo do tempo, tem aspectos microeconômicos, de concorrência, questões de eficiência e até a própria mudança estrutural", completa Thiego Ferreira, gerente da pesquisa.
As regiões com maior taxa de sobrevivência foram, em ordem: Sudeste, Sul, Nordeste, Norte e Centro-Oeste.
Comércio lidera nascimentos e mortes
Em 2022, a pesquisa mostra que havia 7,9 milhões de empresas e organizações formais ativas no país, das quais 2,6 milhões eram empresas empregadoras. Eram 40,5 milhões de pessoas ocupadas nessas empresas, das quais 36,5 milhões, assalariadas.
Desse grupo, 405,6 mil eram novas empresas empregadoras, o que representou 15,3% do total das companhias ativas naquele ano. Isso significa que uma a cada seis empresas empregadoras ativas era recém-inaugurada.
Os setores que mais contribuíram para o surgimento de novas empresas empregadoras foram:
Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas: 39,4%
Alojamento e alimentação: 9,9%
Indústrias de transformação: 8,7%
O comércio também foi o setor com o maior número de empresas empregadoras que encerraram suas atividades (43,3%) naquele ano.
Maior nascimento desde 2017
Em 2022, foram registrados 405,6 mil nascimentos de empresas empregadoras, o maior valor desde 2017. A taxa de nascimento, proporção em relação ao total de empresas empregadoras, alcançou 15,3%, maior percentual desde 2017 (10,9%).
As empresas empregadoras que nasceram contrataram aproximadamente 1,7 milhão de trabalhadores.
Cerca de 92,7% das empresas empregadoras que nasceram tinham de 1 a 9 pessoas assalariadas, mostrando predomínio das empresas de menor porte, enquanto 6,6% tinham de 10 a 49 e 0,7%, 50 ou mais.
Em relação à taxa de nascimento, as empresas de menor porte evidenciaram um maior dinamismo em relação às demais, com uma taxa de nascimento de 17,6%, enquanto as demais apresentaram 6,2% e 3,5%, respectivamente.
Empresas de alto crescimento e gazela
O IBGE também identificou que, em 2022, o Brasil tinha 70.032 empresas de alto crescimento, que são aquelas que aumentam o número de funcionários em pelo menos 20% ao ano, por três anos consecutivos.
Destas, 6.623 eram empresas "gazelas", subgrupo formado pelas empresas de alto crescimento mais jovens, situadas na faixa de três até cinco anos de idade. Os setores com maior participação de empresas de alto crescimento foram:
Comércio; reparação de veículos automotores e motocicletas: 25,9%
Indústrias de transformação: 20,8%
Atividades administrativas e serviços complementares: 10,8%
Esses dados seguem uma tendência global de pesquisa e fornecem uma visão detalhada sobre a dinâmica das empresas no Brasil, concluem os pesquisadores.