Cuiabá, 22 de Abril de 2025

INTERNACIONAL Quarta-feira, 16 de Abril de 2025, 10:11 - A | A

Quarta-feira, 16 de Abril de 2025, 10h:11 - A | A

‘conforto, segurança e praticidade’

Chineses trocam aluguel por quarto de hotel para driblar custos de moradia

R7

Diante do alto custo de moradia e das dificuldades do mercado imobiliário na China, um número crescente de chineses está optando por viver em hotéis em vez de alugar apartamentos. A tendência, impulsionada especialmente entre jovens adultos, vem transformando a dinâmica do setor hoteleiro e pressionando o mercado de aluguéis residenciais em grandes cidades do país.

Segundo levantamento da plataforma de viagens online Qunar, as reservas de estadias com duração superior a um mês cresceram 2,5 vezes entre novembro e janeiro, na comparação com o mesmo período de 2019. O aumento foi mais expressivo entre hóspedes de 25 a 30 anos.

O custo médio mensal de uma estadia prolongada foi de 2.700 yuans (cerca de R$ 2 mil), valor que inclui despesas como água, luz, internet e, em alguns casos, serviços de limpeza e academia.

Em entrevista ao portal chinês Sixth Tone, Hu Weiwei, atleta de vôlei de 24 anos, contou que decidiu morar em hotéis após enfrentar experiências negativas com aluguel tradicional na cidade de Tianjin, no norte da China.

“Para alguém com ansiedade social como eu, lidar com os proprietários é a pior parte. É um pesadelo”, afirmou.

Ela explicou que, ao comparar os custos, descobriu que uma estadia mensal em hotel por 2.500 yuans era mais vantajosa do que alugar um apartamento individual, cujo valor chegava a até 3.000 yuans.

Além da economia, Hu destacou a praticidade: ar-condicionado funcionando 24 horas, segurança reforçada com câmeras de vigilância e localização próxima a transporte público e comércio. Desde então, ela já morou em hotéis em diferentes cidades, como Xangai e Suzhou, e pretende manter esse modelo no futuro.

Outra jovem entrevistada pelo Sixth Tone, Tang Miaomiao, de 22 anos, optou por alugar um quarto de hotel com o namorado durante as férias de inverno em Qingdao, na província de Shandong.

Ela citou a hospitalidade como um diferencial. “A equipe do hotel preparou bolinhos para nós na véspera do Ano Novo”, lembrou.

Apesar de reconhecer limitações como a falta de cozinha, Tang afirmou que os custos com hospedagem ainda compensam em estadias curtas.

A rede Jin Jiang Hotels China Region confirmou a tendência. De acordo com a empresa, o número de hóspedes com menos de 40 anos que se hospedaram por mais de um mês aumentou 1,5 vez entre janeiro e março deste ano, em relação ao mesmo período de 2023. Os perfis mais comuns são freelancers, viajantes a trabalho e jovens profissionais.

“Ao oferecer descontos para estadias prolongadas, conseguimos alinhar os preços aos aluguéis residenciais em bairros comparáveis, eliminando custos como depósitos e contas de serviços públicos”, disse um porta-voz da rede.

O modelo, inicialmente impulsionado pela pandemia, quando o turismo despencou, se consolidou como uma alternativa viável e atrativa. Segundo Wu Ben, professora associada de turismo na Universidade Fudan, hotéis econômicos aproveitaram o período para atrair moradores com tarifas competitivas. “Durante as restrições de mobilidade, os hotéis se tornaram mais acessíveis do que apartamentos tradicionais”, explicou Wu.

A crescente adesão ao estilo de “vida leve” também estimula essa escolha. É o caso de Casey Cheuk, de 40 anos, moradora de um hotel da rede Marriott em Xangai.

Ela destacou a flexibilidade e a economia como os principais atrativos. “Economizamos com estacionamento, contas e serviços domésticos, e ainda temos a liberdade de mudar de cidade quando quisermos”, afirmou Cheuk.

Dados recentes indicam que essa nova forma de moradia já tem impacto no mercado de aluguéis. Em 2024, os preços médios de imóveis residenciais caíram 3,25% nas 50 maiores cidades chinesas, mesmo com incentivos do governo para estimular o setor.

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