O avião que vai repatriar os brasileiros que estão no Líbano decolou, na madrugada desta quarta-feira (2), para a capital Beirute. A informação foi repassada pela FAB (Força Aérea Brasileira). A aeronave saiu da Base do Galeão, no Rio de Janeiro, às 0h47, e fará uma escala em Lisboa (Portugal). O voo tem duração prevista de 9h20, e a expectativa é trazer, nessa viagem, de 230 a 240 pessoas. O país, localizado no Oriente Médio, tem sido alvo de ataques israelenses.
Como mostrou o R7, o cálculo do Ministério das Relações Exteriores é de que 3.000 brasileiros que estão no Líbano desejam voltar ao Brasil. O número é uma previsão do Itamaraty. Funcionários do ministério explicam, porém, que pode sofrer alteração. Isso porque pode haver desistências ou saída do país por outras vias, por exemplo, em voos comerciais, entre outras questões.
O critério de escolha para os primeiros repatriados, de acordo com o ministro Mauro Vieira, vai considerar pessoas de idade, mulheres, grávidas, crianças, doentes e “os que precisarem mais”. “Neste primeiro voo, serão cerca de 230, 240 [passageiros] no máximo, que é a capacidade máxima do avião. Mas haverá outros [voos] na medida da necessidade”, explicou. Atualmente, cerca de 20 mil brasileiros vivem no país.
Desde 7 de outubro do ano passado, o Oriente Médio vive uma escalada de tensões após o grupo paramilitar atacar território israelense em apoio ao grupo terrorista Hamas. Nos últimos dias, houve uma escalada. O líder do Hamas, Fatah Sharif, foi morto durante ataque das forças de defesa de Israel. Ele era responsável por recrutar novos membros e adquirir armas para o grupo terrorista. Ibrahim Muhammad Kabisi, comandante do grupo terrorista Hezbollah, também foi morto pelos israelenses — ele era o chefe das várias unidades de mísseis do grupo.
Os voos de repatriação de brasileiros e familiares no Líbano vão ocorrer conforme houver demanda. Por enquanto, não há confirmação de quantas viagens serão feitas, mas o governo brasileiro planeja resgatar todas as pessoas que demonstrarem interesse em retornar. A Embaixada do Brasil em Beirute, capital libanesa, reúne as informações por meio de formulários on-line de quem deseja voltar.
Operação complexa
Alberto Pfeifer, coordenador do grupo de Análise de Estratégia Internacional da Universidade de São Paulo (DSI-USP), explica que a operação é complexa. “Devem ser de 12 a 15 aeronaves ou voos disponíveis. Não é uma operação fácil, é bastante complicada do ponto de vista de logística, de segurança, da listagem dos passageiros e da liberação desses passageiros para embarque — porque, certamente, Israel e outros países desejarão saber quem são essas pessoas”, avalia.
Apesar de haver risco de confronto direito entre Israel e Líbano desde setembro, Pfeifer acredita que o governo brasileiro não demorou a autorizar a repatriação. A embaixada brasileira em Beirute emitiu nota a respeito da situação no país em 25 de agosto e afirmou estar “atenta ao aumento das hostilidades em regiões do país e empenhada em prestar as orientações devidas à comunidade”.
“O governo brasileiro não tardou. Toda a movimentação bélica de Israel que gerou esse deslocamento populacional foi feita de forma bastante abrupta. [A operação] depende também das pessoas quererem sair, então os que percebiam o perigo iminente, já tinham saído por conta própria. O Brasil não demorou a agir e agirá, pelas informações iniciais, da maneira condizente com o tempo disponível, com a complexidade da operação. Há que se manter sigilo e um grau de publicidade reduzido dessas operações, porque lidam com elementos de segurança nacional”, completa Pfeifer.