Cuiabá, 18 de Setembro de 2024

OPINIÃO Terça-feira, 10 de Setembro de 2024, 08:20 - A | A

Terça-feira, 10 de Setembro de 2024, 08h:20 - A | A

GONÇALO ANTUNES DE BARROS NETO

Poder transformador das palavras

Mais do que apenas a capacidade de ler e escrever, a alfabetização é um pilar fundamental para o desenvolvimento humano, ferramenta essencial na luta contra a pobreza, a desigualdade e a exclusão social.

GONÇALO ANTUNES DE BARROS NETO

O Dia Mundial da Alfabetização, celebrado em 8 de setembro, foi instituído pela UNESCO, em 1967, visando destacar a importância da alfabetização para indivíduos, comunidades e sociedades inteiras. Mais do que apenas a capacidade de ler e escrever, a alfabetização é um pilar fundamental para o desenvolvimento humano, ferramenta essencial na luta contra a pobreza, a desigualdade e a exclusão social.

No entanto, apesar dos avanços conquistados ao longo das últimas décadas, milhões de pessoas em todo o mundo ainda vive sem acesso pleno à alfabetização, perpetuando ciclos de marginalização e exclusão. O impacto da alfabetização vai muito além da habilidade de decodificar palavras escritas. Ela está diretamente relacionada ao desenvolvimento humano e econômico.

A alfabetização não é apenas uma competência técnica; é um direito humano fundamental. Uma “conditio sine qua non”. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada pela ONU em 1948, afirma que toda pessoa tem o direito à educação. Alfabetizar-se significa, portanto, adquirir os meios para interpretar o mundo ao redor, fazer escolhas informadas e exercer plenamente a cidadania.

Em muitas regiões, especialmente em países em desenvolvimento, a falta de alfabetização é uma barreira para o progresso. Sem a habilidade de ler e escrever, torna-se quase impossível para as pessoas acessarem informações básicas sobre saúde, direitos legais, ou até mesmo participar plenamente da política e economia. Para as crianças, o analfabetismo limita as oportunidades de educação continuada e desenvolvimento futuro, perpetuando um ciclo de pobreza intergeracional.

Estudos mostram que a alfabetização tem um efeito direto sobre a redução da pobreza. Pessoas alfabetizadas têm maior probabilidade de conseguir emprego, ganhar salários melhores e tomar decisões mais saudáveis para si e suas famílias. Além disso, a alfabetização capacita os indivíduos a exercerem um papel ativo na vida política e social, fortalecendo a democracia e promovendo uma maior coesão social.

Em muitos países, o sistema educacional é subfinanciado, o que resulta em escolas com infraestrutura precária, falta de materiais didáticos adequados e professores malformados. A pobreza também desempenha um papel crucial: muitas famílias não têm recursos para enviar seus filhos à escola, ou as crianças são obrigadas a trabalhar para ajudar no sustento do núcleo familiar, o que as impede de frequentar a escola regularmente.

O conceito de alfabetização está se expandindo no século XXI. Não se trata apenas de ensinar as pessoas a lerem e escrever em um sentido básico, mas de capacitá-las a navegar em um mundo cada vez mais complexo e digital. A alfabetização digital, por exemplo, tornou-se uma competência crucial para a inclusão social e econômica em um mundo dominado pela tecnologia.

A capacidade de acessar, avaliar e utilizar informações digitais é essencial para o pleno exercício da cidadania na era contemporânea. Em muitos países, a falta de acesso a tecnologias e à internet criou uma forma de exclusão social: o "fosso digital". Pessoas que não possuem as habilidades ou os recursos necessários para se conectar ao mundo digital ficam para trás em termos de oportunidades de educação, emprego e até mesmo no acesso a serviços governamentais.

 

Neste contexto, o Dia Mundial da Alfabetização também é um momento de reflexão sobre a dimensão na vida das pessoas do espectro da era digital e sobre a urgência de um sistema educacional que vá além do ensino da leitura e escrita. Alfabetizar no século XXI traz a obrigatoriedade de preparar para o uso das ferramentas digitais, reconhecendo a quadra das Fake News, abarcando a necessidade de sentido crítico e consciente na contemporaneidade.

É por aí...

(*) GONÇALO ANTUNES DE BARROS NETO, Saíto, tem formação em Filosofia, Sociologia e Direito.

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