A reunião entre o presidente Lula e a equipe econômica para tratar dos cortes de gastos desta segunda-feira (4) foi marcada por um ambiente tenso, com ministros convocados às pressas e reclamações dos titulares das pastas que deverão ser afetadas pelas medidas de contenção de despesas.
Havia a expectativa de algum anúncio ou declaração logo após a reunião, o que não ocorreu. Novos encontros estão ocorrendo nesta terça-feira (5) com integrantes de outros ministérios que deverão ser atingidos, como a pasta de Desenvolvimento Social, de Wellington Dias, e da Previdência Social, de Carlos Lupi. Entre os temas estão mudanças no BPC (Benefício de Prestação Continuada) e em benefícios do INSS.
O encontro desta segunda começou às 15h30 e durou cerca de três horas. Inicialmente, participariam só os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil), Simone Tebet (Planejamento) e Esther Dweck (Gestão), além de integrantes do segundo escalão dos ministérios.
Logo no início da reunião, a secretária-executiva da Casa Civil, Miriam Belchior, questionou a ausência dos ministros das pastas que serão atingidas pela contenção de gastos.
Lula, então, determinou que eles fossem chamados para a reunião. Foram convocados Nísia Trindade (Saúde), Camilo Santana (Educação) e Luiz Marinho (Trabalho).
Segundo auxiliares dos ministros, Haddad fez uma explicação das medidas em análise. Uma delas prevê mudanças nas regras do seguro-desemprego, o que demandaria uma mudança na Constituição Federal.
De acordo com relatos, ministros que estavam na reunião questionaram os cortes e a decisão da equipe econômica de estabelecer a meta de zerar o déficit público em 2024, considerada muito rigorosa. Outra reclamação foi a de que eles têm tomado conhecimento das medidas pela imprensa, e não pela equipe econômica.
Ainda segundo fontes do governo, Lula praticamente só ouviu os argumentos dos ministros e não anunciou nenhuma decisão.
????️O conteúdo das propostas vem sendo guardado a sete chaves. Uma das possibilidades é estabelecer um teto global de crescimento das despesas obrigatórias de 2,5% acima da inflação, mesmo percentual estabelecido no arcabouço fiscal.
Haddad já afirmou que o objetivo das medidas é fazer com que a dinâmica de evolução das despesas possa caber no arcabouço fiscal. O ministro sinalizou que o tema deve ser tratado como PEC (Proposta de Emenda Constitucional).