Cuiabá, 21 de Dezembro de 2024

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infraestrutura

MT tem 11 obras presentes no projeto Rotas de Integração Sul-Americana

Relatório do Ministério do Planejamento fortalece as vozes regionais na construção de uma nova proposta de aproximação do Brasil com os países vizinhos

Da Redação

O Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO) lançou o Relatório 2024 do projeto Rotas de Integração Sul-Americana. O material, disponível para consulta na página do MPO na internet, apresenta informações sobre um conjunto de 190 obras de infraestrutura (todas integrantes do Novo Programa de Aceleração do Crescimento — Novo PAC) espalhadas pelos 11 Estados de fronteira, cruciais para promover a integração subcontinental, com detalhamento ao nível de execução local. Dessa forma, o relatório se firma como instrumento de apoio para aprimorar as infraestruturas regionais, em uma carteira que envolve ações de diversas naturezas: rodovias, ferrovias, hidrovias, infovias, aeroportos, portos, transmissão de energia.

O documento facilita o monitoramento e a cobrança, de forma integrada por todos os entes da sociedade, pelo avanço desses projetos, fortalecendo o protagonismo de Estados, Municípios e a sociedade das localidades fronteiriças do Brasil na construção desse grande projeto de integração sul-americana.
 

No Estado de Mato Grosso, há 11 obras integrantes do projeto Rotas de Integração Sul-americana nas áreas de aeroportos, rodovias, hidrovias, ferrovias e infovias. São ações que fazem parte da seguinte rota de integração: Rota 3 — Quadrante Rondon e Rota 4 — Bioceânica de Capricórnio.

Destaque entre as obras no Estado está a ampliação da BR-174/MT. A rodovia integra uma importante área produtiva do noroeste do Mato Grosso com o sul de Rondônia, contribuindo para conectar as cidades de Colniza (MT) e Vilhena (RO).
 

O relatório também cita a adequação da BR-070/MT, importante corredor de integração nacional, conectando Brasília a Cáceres (MT), ao longo de 1.300 quilômetros. É fundamental para o escoamento da produção agrícola do Centro-Oeste, a principal região do agronegócio do país. A adequação é no trecho que a rodovia contorna Cuiabá e Várzea Grande, buscando facilitar o fluxo de cargas, acelerar a circulação de veículos e contribuir para aumentar a competitividade dos produtos.
 

Consta ainda no projeto de Rotas de Integração o estabelecimento da EF-170 (Ferrogrão). Com quase 1.000 quilômetros, essa linha conectará Sinop (MT) ao porto de Miritituba, em Itaituba (PA). Seguindo um trajeto similar ao utilizado por caminhões na BR-163/MT/PA, a finalidade é tornar menos demorado, menos custoso e menos poluente o escoamento de grãos do Centro-Oeste pelos portos do Arco Norte.

Outro destaque na lista de obras de integração sul-americanas é construção de Infovia estadual do Mato Grosso, com 5 mil quilômetros de cabos de fibra óptica. A iniciativa passa pelos municípios mato-grossenses de Juína, Parecis, Brasnorte, Sinop, Sorriso, Lucas do Rio Verde, Nova Mutum, Nobres, Pontes e Lacerda, Jauru, Barra de Bugres, Cuiabá, Campo Verde, Jaciara, Rondonópolis, Alto Garças, Barra do Garças e Cáceres. A rede chegará até a fronteira com a Bolívia.
 

Mato Grosso no projeto Rotas de Integração Sul-Americana

  1.  
EF-170 - Ferrogrão
  1.  
BR-163//MT/PA (Sinop/MT - Miritituba/PA)
  1.  
Construção da BR-174/MT
  1.  
Aeroporto de Cáceres-MT: Reforma de Terminal e Instalação de Equipamentos de Navegação
  1.  
BR-070/174/364/MT (Cuiabá/MT - Vilhena/RO - Sapezal/MT)
  1.  
Construção de Infovia estadual do Mato Grosso
  1.  
Adequação da BR-070/MT
  1.  
Investimentos no Aeroporto de Cuiabá-MT
  1.  
BR-163/MT (Div. MT/MS - Sinop/MT)
  1.  
Extensão da Malha Norte*
  1.  
Estudos para Concessões Hidroviárias: Rio Paraguai

 

O detalhamento das obras está presente no relatório 2024 do projeto Rotas de Integração Sul-Americana: Link

“O relatório permite um instrumento de controle social muito importante. As pessoas passam a acompanhar quais são as obras no seu Estado que tem a ver com integração sul-americana. É uma resposta social muito importante, que vale para os governos estaduais, para os municípios e para a sociedade. Qualquer pessoa pode olhar e ver do que se trata essa política pública”, aponta o secretário de Articulação Institucional do MPO, João Villaverde. “Cada cidadão pode checar em que estágio que está cada obra e, a partir daí, cobrar o próprio governo federal e também as autoridades locais. O controle social é muito importante para o sucesso das políticas públicas”, reforça o secretário do MPO.
 

Villaverde ressalta a importância das contribuições locais coletadas ao longo da construção do projeto. “As rotas de integração sul-americana nasceram com a escuta ativa da federação brasileira. Ouvimos cada um dos 11 Estados de fronteira do Brasil, indo do Norte para o Sul. E agora está sendo apresentada uma resposta muito clara do que fizemos, com todo esse processo da escuta ativa”, relembra o secretário. Dinâmica semelhante também foi firmada com os vizinhos sul-americanos.
 

O material traz, pela primeira vez, a listagem e o detalhamento de cada uma das 190 obras do Novo PAC de integração sul-americana, concentrando os resultados acumulados pelo projeto Rotas de Integração Sul-Americana entre novembro de 2023 e setembro de 2024. “Esses projetos estão, um por um, no relatório. Tanto onde estão, no território nacional, quanto a modalidade — se é rodovia, ferrovia, hidrovia, infovia — quanto o estágio em cada obra está”, explica o secretário de Articulação Institucional do MPO, João Villaverde.

O documento também apresenta o mapeamento do status de atuação da administração pública federal nas regiões limítrofes do Brasil com seus vizinhos sul-americanos. Ou seja, uma “radiografia” da atuação de órgãos como Receita Federal, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro) nas áreas limítrofes do Brasil com seus vizinhos sul-americanos. O material mostra também a atuação dos Bancos Multilaterais de Desenvolvimento (BMDs) em ações ligadas às rotas de integração.
 

“Estou confiante que cada uma de nossas rotas, que são berço de obras fundamentais e de empreendimentos estruturantes, podem gerar mais oportunidades em um futuro muito próximo, sempre de forma sustentável, já a partir de 2026”, cita a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, em mensagem de apresentação do relatório.

O secretário de Articulação Institucional do MPO destaca que o relatório também apresenta o que há de recursos previstos para cada uma dessas obras no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) 2025. O orçamento do próximo ano prevê a destinação de R$ 4,5 bilhões para esses projetos.

O material ainda serve de apoio aos vizinhos sul-americanos, reforça Villaverde. Segundo o secretário, o relatório 2024 do projeto Rotas de Integração Sul-Americana transforma-se, para os demais países, em um instrumento interno de pressão capaz de induzir a aceleração de iniciativas similares, nas nações do outro lado da fronteira.
 

Projetos

As 190 obras que fazem parte do projeto Rotas de Integração Sul-Americana foram selecionadas pelo MPO, com apoio da Casa Civil e dos ministérios dos Transportes, de Portos e Aeroportos (MPOR), de Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR), de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e de Comunicações (MC). O grande pacote de integração conta com 65 rodovias federais, 40 hidrovias, 35 aeroportos, 21 portos, 15 infovias, nove ferrovias e cinco linhas de transmissão de energia elétrica. Essas 190 obras contemplam desde investimentos diretos do governo federal a concessões ao setor privado.

São cinco as Rotas de Integração Sul-Americana, programa liderado pela ministra Simone Tebet:

Rota 1 Ilha das Guianas (Roraima, Amazonas, Pará e Amapá -- Guiana Francesa, Suriname, Guiana e Venezuela)
Rota 2 Amazônica (Amazonas — Colômbia, Peru e Equador)
Rota 3 Quadrante Rondon (Acre, Rondônia e Mato Grosso — Peru, Bolívia e Chile)
Rota 4 Bioceânica de Capricórnio (Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina — Paraguai, Argentina e Chile)
Rota 5 Bioceânica do Sul (Santa Catarina e Rio Grande do Sul — Uruguai, Argentina e Chile).

 

Diálogo

Dentro do MPO, o projeto é coordenado pela Secretaria de Articulação Institucional (SEAI) do MPO, a partir da escuta ativa dos 11 Estados de fronteira no Brasil e dos países sul-americanos. Seguindo comando do presidente Lula, a ministra do Planejamento e Orçamento e a comitiva do MPO têm viajado aos estados fronteiriços brasileiros e aos países sul-americanos, com apoio do Ministério de Relações Exteriores (MRE), para verificar o andamento de projetos.

Diante desse contexto de amplo diálogo, Villaverde lembra que promover a integração regional é tarefa determinada pela Constituição Federal de 1988 que, no artigo 4º, Parágrafo único, afirma que “a República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações”. Esse processo de escuta ativa gerou transformações nos traçados iniciais das rotas, que foram sendo aperfeiçoadas.

A Rota 2 foi alterada — em seu desenho e também em seu nome — após demandas formais apresentadas pelos governos peruano e colombiano (Rota 2). Inicialmente denominada “Manta-Manaus”, a Rota 2 passou a ser chamada de “Rota Amazônica” ao contemplar também os portos de Tumaco (Colômbia) e Paita e Chancay (Peru). O porto de Chancay, aliás, foi simbolicamente inaugurado no último dia 16 de novembro, com início de operação prevista para março de 2025.

Há poucos dias também foi rebatizada a Rota 5. Antes denominada “Rota Porto Alegre — Coquimbo”, foi renomeada para “Rota Bioceânica do Sul”, contemplando, principalmente, demanda do Uruguai, que faz parte dessa rede de integração regional.

O projeto Rotas de Integração Sul-Americana foi impulsionado em maio deste ano, quando o presidente Lula criou por decreto uma nova instituição: a Comissão Interministerial para a Infraestrutura e o Planejamento da Integração da América do Sul — ROTAS. A comissão é presidida pela ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e tem o ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, na vice-presidência. Ao todo, o grupo conta com 12 ministérios. A secretaria executiva da comissão é desempenhada pela Secretaria de Articulação Institucional (SEAI) do MPO.

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