A Polícia Federal descobriu um esquema bilionário que fraudava beneficiários de programas sociais e pessoas com direito ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e ao seguro-desemprego. O Fantástico deste domingo (20) mostrou que o golpe já desviou mais de R$ 2 bilhões do FGTS.
Era uma fraude sofisticada, movida por mecanismos digitais e acessos oficiais. Segundo a investigação, a quadrilha só conseguiu aplicar o golpe tantas vezes por tanto tempo porque teve ajuda de gente de dentro.
Funcionários da Caixa repassavam dados sigilosos e fundamentais para que os criminosos invadissem o sistema do Caixa Tem e teve servidor envolvido que foi além: sacou dinheiro pessoalmente na boca do caixa a mando do grupo.
Para montar a fraude, os criminosos acessavam - em páginas ilegais na internet - milhares de CPFs e passavam a identificar quem tinha benefícios ativos. Esses dados eram repassados aos funcionários da Caixa envolvidos no crime, que alteravam os cadastros das vítimas no aplicativo Caixa Tem, substituindo os e-mails dos beneficiários por outros controlados pela quadrilha.
Assim, eles conseguiam gerar novas senhas. Com isso, os criminosos passavam a ter controle total sobre as contas. Faziam transferências por PIX, pagavam boletos ou sacavam o dinheiro.
Como os valores dos benefícios não são tão altos, para conseguir mais dinheiro, a quadrilha ficava sempre repetindo o golpe. Precisava acessar o sistema do Caixa Tem centenas de vezes por dia. Para isso, usava um software que faz um computador funcionar como se fosse um celular. Neste caso, muitos celulares. O que permitia acessar e controlar muitas contas ao mesmo tempo.
Desde 2010, a Polícia Federal tem um serviço especializado no combate a esse tipo de crime. Nesta semana, os agentes fizeram uma nova operação em 14 cidades do Rio de Janeiro e apreenderam celulares e computadores. A PF diz que muitas quadrilhas praticam esse golpe em todo o país.
“ A gente acredita que o fortalecimento dos setores de combate à fraude das instituições bancárias, notadamente da Caixa, é fundamental para isso. Esses setores, eles conseguem, de maneira online, identificar as fraudes e as incorreções que estão sendo feitas nas agências", afirma o delegado da PF-RJ Pedro Bloomfield Gama Silva, que investiga o caso.
"Nós estamos implementando mais sistemas, tanto de biometria quanto de monitoramento via inteligência artificial também, para que façam um monitoramento preditivo das ações, para que se diminua e que a gente possa chegar ao menor número possível de fraudes", disse Anderson Possa, vice-presidente de Logística, Operações e Segurança da Caixa.
Mesmo depois de desviar dinheiro de quem mais precisa, muitos criminosos seguem em liberdade. A Caixa afirma que os funcionários envolvidos no golpe foram demitidos. A polícia disse que eles e o restante da quadrilha estão respondendo em liberdade.
Quem sofre o golpe pode procurar uma agência da Caixa ou entrar em contato pelo telefone de atendimento ao consumidor: 0800 726 0101.