Diversos consumidores nos Estados Unidos correram para supermercados nos últimos dias para fazer um estoque de produtos em meio a novas tarifas recíprocas de produtos importados impostas pelo governo Trump que entrarão em vigor nesta quarta-feira (8). As medidas irão atingir ainda mais os produtos importados.
Entre os produtos estocados estão sucos, feijão, azeite, de limpeza e mais.
'Estou comprando o dobro de qualquer coisa - feijão, enlatados, farinha, o que você quiser. Há uma recessão chegando e estou me preparando para o pior', afirmou Thomas Jennings, de 53 anos, em entrevista à Reuters.
Ele também comprou farinha, açúcar e até mesmo água. O medo dele, conta a reportagem, é que os preços no varejo aumentem em breve pelas tarifas de Trump.
Outro consumidor, Angelo Barrio, de 55 anos, tem preocupação também sobre a economia nos próximos meses. Ele já começou a comprar produtos com longo prazo de validade desde a eleição do republicano.
Nesta semana, abasteceu o estoque de pasta de dente, sabão, água, arroz e até mesmo azeite de oliva (na qual diz que possui 20 garrafas).
'Você nunca pode ter certeza de quanto vai precisar. Eu olho todos os preços de perto porque vivo com uma renda fixa. Pagar um preço mais alto em algum lugar significa fazer ajustes em algum outro orçamento', afirma.
O grupo de pesquisa Tax Foundation disse que os impostos de Trump vai custar US$ 3,1 trilhões nos próximos 10 anos para os americanos. Isso representaria um aumento de mais de US$ 2 mil em impostos apenas neste ano para as famílias.
Segundo a rede de TV ABC, as novas tarifas podem gerar um aumento geral de preços, desde eletrodomésticos e carros a mantimentos e suprimentos médicos.
O receio também se junta a uma possível piora na inflação, de acordo com consumidores que conversaram com a Reuters.
Manish Kapoor, fundador de uma empresa de gerenciamento da cadeia de suprimentos nos arredores de Los Angeles, disse que há medo de prateleiras vazias, como ocorreu durante a pandemia.
'Vimos isso também durante a COVID, quando todos saíram freneticamente e pegaram tudo nas prateleiras das lojas, precisando ou não. Não chegou a esse nível, mas as pessoas estão preocupadas que o custo (dos produtos) vá aumentar e, você sabe, vamos estocar', disse.
Brasil é um dos possíveis beneficiados pelo 'tarifaço'
O Brasil está entre os possíveis países que são beneficiados pelo 'tarifaço' contra mais de 180 países do mundo imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A informação está em uma publicação da agência de notícias Reuters.
A reportagem destaca, em primeiro lugar, que o país teve uma tarifa baixa, de apenas 10%, a menor entre todas - algo diferente do que ocorreu com a União Europeia, Coreia do Sul e Japão, por exemplo, com 20% para mais de tarifas.
Com grande foco na agricultura, o Brasil poderia se beneficiar das tarifas retaliatórias da China que devem atingir os exportadores agrícolas dos Estados Unidos. Essas taxas devem entrar em vigor nesta quarta-feira (9).
A Reuters também aborda como a situação gera uma possibilidade de aproximação do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, algo que tem sido buscado há muito tempo. O país que mais poderia se beneficiar do acordo seria, justamente o Brasil.
A reportagem também recorda que, no primeiro mandato de Trump, os produtores brasileiros de soja e milho tiveram vendas recordes após a China ter congelado a compra dos produtores americanos, algo que poderia ser replicado.
Bolsas em alta
As bolsas europeias abriram nesta terça-feira (8) em alta, depois de um dia de perdas generalizadas.
O índice DAX, na Alemanha, tem alta de 0,87% nesta manhã. Na Espanha, o IBEX, tem alta de 0,37%. O índice CAC 40, na França, teve alta de 0,67%. Na Itália, a alta é de 0,31% nessa manhã.
As principais bolsas asiáticas fecharam em alta, depois de um dia de pânico por causa das incertezas sobre o tarifaço global anunciado pelo presidente Donald Trump.
As ações da bolsa japonesa subiram mais de 6%, após fecharem com uma queda de quase 8% no dia anterior.
Nessa segunda-feira (7), o presidente Donald Trump indicou o Japão como um dos países com os quais ele vai negociar um acordo comercial.
A bolsa de valores de Hong Kong, que registrou ontem queda de 13%, a maior em 28 anos, também fechou em alta acima de 1%.
A bolsa de Xangai, na China, fechou no positivo, acima de 1,5%, após registrar perdas de 8% na segunda-feira.
Apesar dos sinais de alguma negociação entre os Estados Unidos e alguns países, a guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo mostra poucos sinais de desaceleração.
Nesta madrugada, a China avisou que não vai recuar da decisão de taxar as importações americanas em 34% a partir de quinta-feira em retaliação aos Estados Unidos, apesar das novas ameaças do republicano.
Nessa segunda (7), o presidente americano disse que vai impor uma tarifa adicional de 50% sobre as importações de produtos chineses se Pequim não desistir da retaliação até a uma da tarde de hoje, pelo horário de Brasília.
Se a ameaça de Trump for confirmada, os produtos chineses que entrarem nos Estados Unidos serão taxados em mais de 100%.
Diante do ultimato do presidente americano, o governo chinês afirmou que as tarifas impostas pelos Estados Unidos são completamente infundadas e representam uma típica prática unilateral de intimidação.
O governo Xi Jiping diz que a guerra tarifária não tem vencedor e que vai revidar Donald Trump até o fim.