Relatos e imagens de drones misteriosos sobrevoando cidades americanas tomaram as redes sociais nas últimas semanas e alimentaram diversas teorias. Nesta terça-feira (17), o governo dos Estados Unidos disse que não há motivo para preocupação nem ameaça à segurança nacional, mas as autoridades ainda não deram detalhes sobre a origem desses drones, nem explicaram a quem pertencem.
Segundo declaração conjunta do Departamento de Defesa dos EUA, do Departamento de Segurança Interna dos EUA, do FBI e da FAA, na maioria dos relatos, os objetos eram drones comerciais, usados para lazer, aeronaves e até estrelas.
As agências ainda dizem que menos de 100 dos mais de 5 mil relatos precisaram de uma investigação mais detalhada.
"Após examinar os dados técnicos e as denúncias dos cidadãos, avaliamos que o que foi visto até agora inclui uma combinação de drones comerciais legais, drones de propriedade de amadores e drones de corpos policiais, assim como aeronaves tripuladas com asas fixas, helicópteros e estrelas reportadas por engano como drones", diz a declaração conjunta das agências.
Apesar da garantia do governo de que não há motivo para preocupação, devido à falta de detalhes sobre as investigações, as teorias da conspiração seguem enchendo as redes.
Um grupo do Facebook intitulado "New Jersey Mystery Drones - let's solve it", por exemplo, já tem quase 75 mil membros, com posts com teorias que variam de extraterrestres à invasão de agentes estrangeiros.
De acordo com um repórter do site "Punchbowl", o governo Biden deve dar aos membros do Comitê de Inteligência da Câmara dos EUA um briefing confidencial sobre o assunto ainda nesta terça-feira.
Nesta segunda-feira (16), o presidente eleito, Donald Trump, falou sobre o tema e disse que os militares dos Estados Unidos deveriam informar o público americano sobre o que "sabem":
"O governo sabe o que está acontecendo. Por alguma razão, eles não querem comentar e acho que seria melhor eles dizerem o que nossos militares sabem e o que nosso presidente sabe".
A declaração foi dada durante uma coletiva de imprensa em Palm Beach, na Flórida. Trump disse: "Não consigo imaginar que seja o inimigo", sem entrar em detalhes. Ele também se recusou a responder se havia recebido um briefing de inteligência sobre o assunto.
Um dia antes, o escolhido de Trump para conselheiro de segurança nacional, Mike Waltz, disse que os avistamentos de drones ressaltaram lacunas na segurança do espaço aéreo dos EUA que precisam ser fechadas.
Mais cedo, nesta segunda, um porta-voz do Pentágono afirmou os militares são limitados, por lei, no que podem fazer para detectar e rastrear drones dentro dos Estados Unidos, a menos que haja uma ameaça.
"Voar drones não é ilegal. Existem milhares de drones voando pelos EUA diariamente. Então, como resultado, não é tão incomum ver drones no céu, nem é uma indicação de atividade maliciosa ou qualquer ameaça à segurança pública. O mesmo se aplica a drones voando perto de instalações militares dos EUA. Alguns voam perto ou sobre nossas bases de tempos em tempos. Isso, por si só, não é incomum, e a vasta maioria não representa ameaça física às nossas forças ou impacta nossas operações", disse o Major General Pat Ryder aos repórteres.
Os relatos
A onda de relatos de avistamentos de drones que começou em Nova Jersey, em meados de novembro, se espalhou nos últimos dias para incluir Maryland, Massachusetts e outros estados.
Autoridades dos EUA disseram no sábado que a maioria dos avistamentos envolveu aeronaves tripuladas e que não há evidências de uma ameaça à segurança nacional.
Na quinta-feira passada, o porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, afirmou que o governo dos EUA não tem evidências de que os avistamentos representem uma ameaça à segurança pública e pediu ao Congresso que aprove uma legislação para expandir as autoridades sobre drones .
Na sexta-feira (13), drones não identificados foram avistados sobrevoando uma Base Aérea dos EUA na Alemanha.
Chefes de inteligência da Alemanha alertaram que o apoio do país à Ucrânia em sua guerra com a Rússia o torna alvo de possíveis tentativas de sabotagem, com incidentes recentes de segurança em quartéis militares aumentando ainda mais a preocupação.
A revista Spiegel também relatou avistamentos semelhantes em locais pertencentes ao fabricante alemão de armas Rheinmetall e ao grupo químico BASF, acrescentando que não se sabe a origem desses drones.