Milhares de manifestantes marcharam neste sábado em Washington, Londres, Paris, Madri, Caracas ou Cidade do Cabo para pedir um cessar-fogo em Gaza e no Líbano, em referência ao primeiro aniversário da guerra entre Israel e o Hamas.
Apoiadores pró-palestinos protestaram em cidades da Europa, África e América, exigindo o fim da guerra, que já deixou quase 42 mil mortos em Gaza, no início de uma série de manifestações organizadas.
Dezenas de protestos e memoriais estão programados em todo o mundo pelo primeiro aniversário do ataque do Hamas a Israel, que deixou 1.205 mortos, principalmente civis, e 251 reféns (97 deles ainda estão sob cativeiro).
Em Washington, um homem que se identificou como jornalista tentou se imolar durante uma marcha de mais de mil pessoas em frente à Casa Branca, exigindo o fim da ajuda militar dos EUA a seu aliado estratégico no Oriente Médio.
Pedestres e policiais conseguiram apagar as chamas. A polícia afirmou que "seus ferimentos não ameaçam sua vida".
O protesto mais numeroso ocorreu em Nova York, com milhares de pessoas concentradas na Times Square, algumas com fotos dos mortos em Gaza durante a guerra.
- Como americanos, estamos fartos de que nossos impostos sejam usados para Israel bombardear crianças na Palestina e depois no Líbano - disse Daniel Pérez.
Em Londres, manifestantes de todo o país, portando cartazes e bandeiras palestinas e libanesas, percorreram o centro da capital britânica, entoando palavras de ordem como "Cessar-fogo agora!", "Do rio ao mar, a Palestina será livre!" e "Fora do Líbano".
Israel lançou uma operação terrestre no Líbano e prometeu responder ao recente ataque com mísseis vindos do Irã, o que levanta temores de que o conflito se transforme em uma guerra mais ampla.
Exemplo da polarização internacional em torno dos eventos no Oriente Médio são as manifestações programadas em apoio tanto a Israel quanto aos palestinos em todo o mundo, às vezes com eventos rivais na mesma cidade.
'Quantos mais precisam morrer?'
O protesto em Londres foi liderado, entre outros, pelo ex-líder trabalhista Jeremy Corbyn e pelo ex-primeiro-ministro escocês Humza Yousaf.
- Precisamos de um cessar-fogo, um cessar-fogo agora. Quantos mais palestinos ou libaneses inocentes precisam morrer? - questionou Sophia Thomson, de 27 anos.
Vários manifestantes seguravam cartazes dizendo "Starmer tem sangue nas mãos", em referência ao primeiro-ministro britânico.
Starmer pediu um cessar-fogo em Gaza e a libertação dos reféns detidos pelo Hamas, além da suspensão de algumas licenças de armas para Israel.
Em Roma, uma marcha com milhares de participantes acabou em confrontos entre manifestantes pró-palestinos e a polícia, com arremesso de garrafas, fogos de artifício, gás lacrimogêneo e canhões de água, segundo repórteres da AFP.
“Queremos que Gaza seja livre!”, “A revolução começou em 7 de outubro!”, “A Itália deve parar de vender e enviar armas para Israel, devemos parar imediatamente o genocídio em Gaza!” e “Israel, um estado criminoso!”, gritavam os manifestantes.
Em Berlim, a polícia informou que deteve 26 pessoas que insultaram uma marcha pró-Israel.
'A humanidade morreu em Gaza'
Em Madri, o protesto reuniu cerca de 5 mil pessoas, com cartazes dizendo "Boicote a Israel" e "A humanidade morreu em Gaza". Os manifestantes pediram ao presidente Pedro Sánchez que rompa relações diplomáticas com Israel.
Em Caracas, centenas de simpatizantes do governo de Nicolás Maduro e membros da comunidade árabe na Venezuela protestaram em frente à sede da ONU.
Com uma bandeira de 25 metros da Palestina e gritos de "Viva a Palestina livre!" e "Irã, Irã, ataque Tel Aviv", os chavistas entregaram um documento à organização pedindo o fim do "genocídio" do povo palestino.
"Israel é sangue e destruição", lia-se em alguns cartazes.
- Resoluções não vão parar isso. Onde estão os capacetes azuis? Onde estão as forças de paz? - disse à AFP o professor universitário Jesús Reyes, de 53 anos.
Em Paris, várias centenas de pessoas marcharam para mostrar sua "solidariedade com os palestinos e libaneses", enquanto em Dublin, vários manifestantes apoiaram os habitantes de Gaza com gritos de "liberdade e justiça para os palestinos".
Na cidade suíça da Basileia, milhares de pessoas também pediram sanções econômicas contra Israel e o fim da cooperação científica da Suíça com o Estado israelense.
Na África do Sul, no centro da Cidade do Cabo, centenas de pessoas marcharam com bandeiras palestinas, gritando palavras de ordem anti-Israel, como "Israel é um estado racista".
Muitos manifestantes usavam kefias (tradicionais lenços palestinos) e marcharam em direção ao Parlamento sul-africano.
Muitos deles apoiaram a denúncia da África do Sul no Tribunal Internacional de Justiça (CIJ). Pretória sustenta que a ofensiva israelense em Gaza viola a Convenção da ONU contra o Genocídio de 1948.