O americano Luigi Mangione, preso sob acusação de assassinar Brian Thompson, presidente-executivo da UnitedHealthcare — maior seguradora de saúde dos Estados Unidos —, é integrante de uma tradicional família que imigrou da Itália e fez fortuna no ramo imobiliário. O clã, chamado de "realeza de Baltimore" por parte da imprensa local, ficou conhecido na comunidade local por doar somas milionárias para instituições de saúde.
Quando foi preso, na segunda-feira, Luigi Mangione portava um manifesto escrito à mão em que criticava as empresas de saúde por priorizarem os lucros em detrimento do cuidado, de acordo com um alto funcionário da polícia. A polícia investiga a motivação do assassinato do CEO.
De acordo com o New York Times, Nick Mangione, avô de Luigi e patriarca da família, se orgulhava de ter prosperado nos Estados Unidos depois de deixar a Itália e viver uma infância empobrecida no novo país.
— Eu não tinha dois centavos para esfregar juntos quando meu pai morreu, quando eu tinha 11 anos, mas mesmo assim me tornei um milionário — afirmou o patriarca ao Baltimore Sun.
Ainda segundo o jornal americano, Nick criou um império imobiliário calcado na construção de resorts, clubes e asilos na região. Ele e a mulher, Mary, tornaram-se renomados filantropos, por meio da Fundação Família Mangione. Doaram mais de US$ 1 milhão para o Greater Baltimore Medical Center, onde seus 37 netos nasceram, por exemplo, e outras altas somas para unidades como o St. Jude Children's Research Hospital e o St. Joseph Medical Center, da Universidade de Maryland.
Mangione foi localizado em um McDonald's de Altoona, na Pensilvânia, nesta segunda-feira. Nesta terça-feira, a família de Luigi Mangionese manifestou sobre a prisão. Por meio de postagem na rede social de Nino Mangione, disse ter descoberto informações do caso pela imprensa e se disse "devastada".
"Nossa família está chocada e devastada pela prisão de Luigi", afirma a nota. "Oferecemos nossas orações à família de Brian Thompson e pedimos que as pessoas orem por todos os envolvidos."
Morte de CEO
Mangione foi preso pela polícia da Pensilvânia, nos Estados Unidos, nesta segunda-feira, com uma arma "fantasma" — montada a partir de peças compradas online — semelhante à utilizada no assassinato do CEO da seguradora de saúde UnitedHealthcare. Brian Thompson foi morto na última quarta-feira em Nova York. O suspeito foi identificado a partir de uma dica de alguém que o viu por volta das 9h15 em um restaurante McDonald's em Altoona, disse uma das autoridades.
Ele mostrou à polícia a mesma identificação falsa de Nova Jersey apresentada quando fez check-in em um albergue no Upper West Side de Manhattan em 24 de novembro. Além da arma, tinha um silenciador e outras carteiras de identidade falsas.
A polícia procurava o atirador desde o ataque da última quarta-feira contra Thompson, com a suspeita de que ele havia deixado Nova York de ônibus logo depois do crime.
O suspeito chegou a Altoona, no oeste da Pensilvânia, em um ônibus Greyhound. Foi também por um ônibus dessa companhia que o assassino chegou a Nova York dez dias antes de cometer o crime. De acordo com o chefe dos detetives, ele chegou à cidade de um ônibus que saiu de Atlanta e fez várias paradas no trajeto, embora a polícia não tenha informado onde ele embarcou.
Como aconteceu o crime?
O atirador chegou a Nova York em 24 de novembro e, dez dias depois, abriu fogo contra Thompson fora da conferência anual de investidores de sua empresa, realizada em um hotel próximo ao Radio City Music Hall e ao Rockefeller Center.
Durante a caçada pelo suspeito, a polícia americana divulgou imagens do homem, incluindo duas captadas de dentro de um carro. Numa delas, o suspeito aparecia no banco de trás de um táxi, com moletom, capuz e máscara facial.
Já na segunda, ele estava fora do veículo, também com o rosto coberto. As imagens foram divulgadas depois de a imprensa americana reportar que investigadores recolheram uma mochila perto do local do crime e encontraram nela uma jaqueta da marca Tommy Hilfiger e notas de dinheiro do jogo de tabuleiro Banco Imobiliário.
O FBI oferecia uma recompensa de US$ 50 mil (mais de R$ 300 mil) por informações sobre o suspeito. No sábado, o prefeito de Nova York, Eric Adams, afirmou que a rede estava se fechando em torno do criminoso.