Cuiabá, 31 de Março de 2025

INTERNACIONAL Terça-feira, 25 de Março de 2025, 16:15 - A | A

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Trump nega que grupo de chat sobre ataque aos Houthis tinha informações sigilosas

Presidente defendeu conselheiro que teria incluído jornalista em chat. Governo investiga como editor da 'The Atlantic' teve acesso ao grupo, enquanto jornalista diz ter omitido trechos sensíveis

G1

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, negou que o bate-papo no qual um jornalista foi incluído por engano sobre um ataque aos Houthis continha informações sigilosas. Nesta terça-feira (25), ele defendeu o conselheiro de Segurança Nacional, Michael Waltz.

O jornalista em questão é Jeffrey Goldberg, editor-chefe da revista "The Atlantic". Ele revelou que foi adicionado a um grupo do Signal que incluía várias autoridades americanas, entre elas o vice-presidente, J.D. Vance, o secretário de Defesa, Pete Hegseth, e Waltz.

Em artigo publicado na segunda-feira (24), Goldman afirmou que não reproduziu várias mensagens do grupo porque "as informações contidas neles, se tivessem sido lidas por um adversário dos Estados Unidos, poderiam ter colocado em risco militares e pessoal de inteligência americanos, particularmente no Oriente Médio".

Durante uma coletiva de imprensa, Trump afirmou que "nada aconteceu" após a divulgação do conteúdo do grupo e elogiou as autoridades que estavam na conversa, dizendo que são "pessoas muito boas". Ele também criticou Goldberg.

O presidente disse que está analisando o uso do Signal por autoridades da Casa Branca e pediu à equipe de Segurança Nacional que verifique o nível de segurança do aplicativo. Ainda assim, para Trump, a plataforma usada "era a melhor tecnologia para o momento".

Em determinado momento da entrevista, Trump foi questionado por uma jornalista sobre quem teria dito a ele que as informações do grupo não eram sigilosas. O presidente ignorou a pergunta.

Na mesma coletiva, Waltz afirmou que há uma investigação em andamento para apurar como o jornalista foi incluído no grupo interno com autoridades da Casa Branca.

Goldberg afirmou que recebeu um convite para entrar no grupo do Signal de um usuário identificado como "Michael Waltz", mesmo nome do conselheiro de Segurança Nacional. O convite foi enviado em 11 de março.

Waltz tem sido pressionado, especialmente por congressistas do Partido Democrata, a deixar o cargo. Por outro lado, Trump tem minimizado o caso e afirmou que o conselheiro não precisa se desculpar, já que tem feito um bom trabalho.

O caso

Goldberg foi incluído sem querer em um grupo de conversas do governo Trump que compartilhou mensagens ultrassecretas. O bate-papo antecipou os planos de guerra contra os rebeldes Houthis no Iêmen.

O jornalista afirmou que só acreditou na veracidade das mensagens com o início dos ataques lançados de porta-aviões americanos sobre alvos houthis, no dia 15 de março.

O relato de Goldberg mostra momentos em que Vance e Hegseth criticam diretamente as potências europeias aliadas dos EUA.

Ao discutir ataques aos Houthis, que têm bloqueado algumas rotas marítimas no Oriente Médio, o vice-presidente lembra que apenas "3% do comércio americano passa pelo Canal de Suez", enquanto "40% do comércio europeu passa por lá".

"Eu apenas odeio salvar a Europa de novo", critica Vance, ao deixar implícito que uma operação dos EUA contra os Houthis supostamente ajudaria mais os europeus do que os americanos.

"Eu compartilho totalmente do seu desprezo pelos aproveitadores europeus. É PATÉTICO", concorda Hegseth, em resposta.

Em outro momento, Hegseth discute com Vance um possível adiamento da operação militar no Iêmen. Em uma das mensagens, ele discute o impacto que a campanha militar vai causar na opinião pública.

O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, vinculado à Casa Branca, confirmou que o órgão está revisando seus protocolos para saber como o jornalista foi adicionado ao grupo.

O jornal "The New York Times" classificou o episódio como "uma falha extraordinária" de segurança.

 

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