Cuiabá, 20 de Dezembro de 2024

OPINIÃO Terça-feira, 17 de Dezembro de 2024, 15:37 - A | A

Terça-feira, 17 de Dezembro de 2024, 15h:37 - A | A

PAULO BELLINCANTA

A abiove e o ilegal

Não interessa o que diz a lei brasileira.

PAULO BELLINCANTA

100% dos produtos comercializados pelos signatários da moratória da soja são oriundos de áreas desmatadas. A ABIOVE autoriza a comercialização de produtos advindos de áreas desmatadas irregularmente, sem licença ambiental, independente de ter sido um desmate criminoso e proíbe a de áreas legais obedecendo uma linha do tempo que eles adotaram.

Não interessa o que diz a lei brasileira.

Arautos da ordem, da boa conduta e da salvação do mundo estas empresas se colocam como donas de uma verdade absoluta e que não pode ser contestada.

O ilegal feito as escondidas pode porque “eu” não vi.

Articuladores audazes do maior Cartel já engendrado em nosso país, não sob a proteção da noite mas as “barbas” da justiça em plena luz do dia. Não sob o sigilo de quatro paredes mas ao contrário sob a proteção de bandeiras louváveis da preservação e da proteção ambiental, a moratória da soja arrebata para si “desavisados” que ludibriados pelo apelo da conservação não conhecem os reais interesses deste plano. O poderio econômico exercido com a astúcia de inteligências orquestradas definem normas que lhes interessam, passando por cima da legislação e dos legisladores. Atrás dos interesses econômicos, usando escudos que remetem a defesa da vida do planeta, afrontam o código florestal, a legislação antitruste, e a própria constituição. Arrebatam como signatários empresas governamentais, bancos oficiais e sorriem com desdém do povo e do produtor brasileiro.

Do outro lado, assistindo a tudo e se fazendo de desentendidos, temos muitas autoridades com medo de se exporem ao defenderem a lei. Que poder é este que consegue cooptar a mídia e a opinião pública ?
Que poder é este que consegue paralisar legisladores e órgãos de defesa da população?

A moratória da soja não tem sua origem no Brasil nem tão pouco encontra ressonância no povo brasileiro. Não tem como objetivo último a preservação e a salvação do mundo. Triste é ver brasileiros defendendo interesses escusos em troca de bons salários e mordomias.

Triste é ver um diretor de sustentabilidade da ABIOVE se prestando ao papel de marionete em um congresso falando sem conhecimento de causa contra estados de nosso país.
Palavras bonitas e frases de efeito sem conhecer seu verdadeiro sentido, agradando seus financiadores.
Brasileiros oportunistas pagos para defenderem ideias, não as próprias, mas aquelas que lhes são passadas em cartilhas e que ouvem em seminários.

Pobre deste meu Brasil que não precisa de adversários porque os temos aqui em nossas próprias “fileiras”.

Em uma breve reflexão podemos dizer que a opressão, a força e a submissão não funcionaram na idade da pedra, na antiguidade, na idade média, tão pouco na idade moderna. Tentarão outra vez na idade contemporânea?

Fossem verdadeiros os interesses da ABIOVE o método empregado para o equilíbrio da produção e da conservação seria outro.

Fossem sérios os objetivos desta entidade já teria detectado o quanto evoluíram os produtores nacionais no quesito preservação. A consciência do produtor brasileiro quanto ao cuidado da terra e a preservação do meio ambiente está muito além do que pensam estes “promotores” de acusação.

Talvez possamos dizer, do que nós, produtores precisamos:

- Ações duras e específicas em cima da ilegalidade.
- ⁠Agilidade dos órgãos ambientais respeitando nossos direitos e não nos julgando bandidos.
- Regularização fundiária. Por um lado uma questão de justiça social e por outro dando condições para que sejam incriminados aqueles que agem à revelia da lei.
- Queremos ser julgados pela lei de nosso país não por regras impostas por entidades privadas.
- Queremos produzir e preservar.

Só a educação e a conscientização serão capazes de salvar o planeta o mais sao discursos e interesses.

(*) PAULO BELLINCANTA é produtor rural em Mato Grosso.

Comente esta notícia