"Desde que comecei eu me sinto mais ativo", diz o empreendedor de 71 anos, Osmar Bechmann, ao contar como iniciou o seu próprio negócio na terceira idade. Assim como Osmar, o desejo de continuar ativo é o que leva 47% das pessoas da terceira idade a empreender, este montante só é menor do que a necessidade financeira, que lidera o topo entre os pesquisados e totaliza 53% deles. Os dados são do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado de Mato Grosso (Sebrae/MT), que realizou uma pesquisa 'Empreendedorismo Prateado', para traçar o perfil dos empreendedores mato-grossenses.
O levantamento indicou ainda, que a idade média dos empreendedores está na faixa dos 63 anos e os homens são maioria no mercado, com 52%, enquanto que as mulheres somam 44%. “O empreendedorismo é uma área que agrega a todos que estão dispostos a se desafiar e viver uma nova experiência, independente de idade. E essa pesquisa demonstra este potencial empreendedor na idade madura. Observamos também que a terceira idade tem ocupado um espaço relevante no empreendedorismo mato-grossense e isso é benéfico econômico e socialmente”, enfatizou a diretora Superintendente do Sebrae/MT, Lélia Brun.
Dos que estão à frente de algum empreendimento, 39% já estão aposentados e, ainda de acordo com a pesquisa, outras causas que levam as pessoas da terceira idade a empreender são: a realização pessoal (31%), paixão por uma área específica (20%), contribuir para a sociedade (13%) e realizar um sonho de vida (10%).
Negócios na terceira idade
Na vida do senhor Osmar, foi uma situação difícil na saúde que mudou o seu cenário profissional. Com uma rotina ativa, vivia e mantinha atividade laboral em um sítio na região do Km 120, na estrada que vai para Cáceres, mas devido à necessidade de realizar uma cirurgia na cabeça e ter que diminuir o ritmo de trabalho, a propriedade foi vendida.
Ao se deparar na condição de ficar em casa e sem nenhuma atividade, Osmar se sentiu desmotivado, mas o filho buscou apresentar ao pai uma atividade que ele pudesse realizar sem prejudicar a saúde. A partir daí, surgiu a oportunidade de comercializar biscoitos de polvilho, tradicionalmente conhecido como “peta”. Foi o início, há três anos, da Delícias da Vó Rikka.
“Me sinto mais ativo, pois estou sempre conversando com pessoas, interagindo e ainda frequento várias feiras e eventos. Desde o início deste ano, ampliei o negócio e estou vendendo também cueca virada, que tem sido bem aceita pelo público”, enfatiza.
Segundo Osmar, por mês ele comercializa cerca de 400 pacotes de biscoitos que são produzidos na empresa. Ele frequenta três feiras fixas por semana e ainda mantém na agenda outros compromissos profissionais em atividades mensais.
O filho do Osmar fala com orgulho da trajetória do pai. “Hoje ele faz sucesso nas feiras. É querido pela maioria. E assim ele se sente útil. Quando sou eu que vou nas feiras, eu vendo a metade do que ele vende. Ele é conhecido como o senhorzinho dos biscoitos”, elogia Eder Bechmann.
Outros dados da pesquisa
O perfil da empresa em que pessoas da terceira idade empreende é de vendas de produtos e serviços (32%), alimentação (20%), beleza e vestuário (13% cada), artes e artesanatos (10%), consultoria (7%) e tecnologia (5%).
Os desafios apontados por este público são a falta de recursos financeiros (46%), barreiras de idade no mercado de trabalho (38%), conhecimento limitado em tecnologia (35%), resistência social ao empreendedorismo na terceira idade (20%) e cuidados com a saúde (20%).
Quando perguntados quais habilidades e conhecimentos gostariam de adquirir, a tecnologia e inovação liderou, com 46%, seguido de gestão financeira (34%), marketing digital (33%), gestão de pessoas (17%) e vendas e atendimento ao cliente (16%).
Entre os empreendedores, 45% querem expandir, 27% pretendem manter como estão, 24% pretendem passar o negócio para a família e 3% planejam fechar as portas.
A pesquisa quantitativa ouviu 1.045 donos ou sócios dos pequenos negócios, entre os dias 29 de agosto a 05 de setembro de 2024, em todo o estado de Mato Grosso.