A morte de dois torcedores do Colo-Colo nos arredores do Estádio Monumental de Santiago, momentos antes do duelo contra o Fortaleza, pela fase de grupos da Libertadores, gerou fortes reações de autoridades do futebol. O presidente da Fifa, Gianni Infantino, manifestou pesar diante do episódio e classificou os acontecimentos como “trágicos”, enfatizando que “a violência não deve ter lugar” no esporte.
Infantino externou solidariedade às famílias das vítimas por meio das redes sociais na manhã desta sexta-feira (11). A mensagem também teve direcionamento à Conmebol e à Federação Chilena de Futebol. “Estou profundamente consternado ao saber dos trágicos incidentes que ocorreram antes da partida da Conmebol Libertadores entre Colo-Colo e Fortaleza, em Santiago. Os incidentes resultaram na morte de duas pessoas e ferimentos em várias outras”, escreveu o dirigente.
Por fim, Gianni condenou veementemente, em nome da Fifa, os atos de violência que marcaram a noite da última quinta-feira (10). “Como dito muitas vezes, a violência não deve ter lugar no futebol”.
Duas mortes
O episódio teve origem devido a um tumulto fora do estádio, que, segundo relatos da mídia local, foi provocado por uma tentativa de invasão ao Monumental. Um grupo de torcedores do Colo-Colo teria rompido as barreiras de contenção e iniciado um confronto com a polícia, que tentava conter os ânimos com gás lacrimogênio. A ação desencadeou uma debandada.
Em meio ao cenário de caos, dois jovens — uma garota de 18 anos e um garoto de 13 — ficaram presos em uma das cercas metálicas e foram atropelados pela polícia. Ambos morreram no local. O promotor Francisco Morales, que lidera as investigações, esclareceu que “uma das cercas caiu com peso excessivo sobre as vítimas” e que ainda não é possível afirmar com precisão se a viatura da polícia teve culpa. Ele reforçou que as câmeras de segurança estão sendo analisadas para elucidar os fatos e há considerações por todas hipóteses.
Invasão em campo
As equipes ainda buscavam o primeiro gol da partida, quando ocorreu a paralisação forçada por uma invasão de torcedores ao gramado. Jogadores do Fortaleza correram para os vestiários, enquanto atletas do Colo-Colo tentaram conter os invasores. Os invasores se utilizavam de barras de ferro, enquanto pessoas das arquibancadas lançavam objetos em campo.
A Conmebol só confirmou o cancelamento da partida após mais de uma hora de paralisação. Àquela altura, jogadores e membros da arbitragem se recusavam a retornar aos gramados. A entidade informou, ainda, que o caso passará por julgamento nos órgãos disciplinares e estuda aplicar sanções severas ao clube chileno. Há, inclusive, possibilidade de banimento das competições continentais por tempo indeterminado.
Ainda na madrugada de sexta-feira, o governo chileno solicitou a renúncia de Pamela Venegas, até então responsável pelo programa Estádio Seguro, encarregado da segurança nos estádios desde 2022. A decisão foi anunciada pelo ministro da Segurança, Luis Cordero, que também confirmou que a recomendação para o cancelamento da partida partiu das autoridades estatais.
Familiares das vítimas
O episódio provocou forte reação de familiares das vítimas. Bárbara Perez, irmã da jovem falecida, afirmou que a adolescente possuía ingresso e não estava entre os invasores. “Vamos até as últimas consequências. Minha mãe está destruída. Só peço ajuda judicial, porque isso não pode ficar assim”, declarou, visivelmente emocionada.
O clube Fortaleza, por sua vez, informou que todos os seus atletas, membros da comissão técnica e equipe de apoio estão bem e seguros. Além disso, o clube colaborou com os torcedores que ainda estavam no estádio, garantindo a evacuação segura do local. Similarmente, o Colo-Colo atuou para conter a violência e ofereceu apoio aos torcedores nas arquibancadas.