O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou, neste domingo (22), que designará “imediatamente” os cartéis do narcotráfico mexicanos como organizações terroristas quando tomar posse, em 20 de janeiro.
“Designarei os cartéis como organizações terroristas estrangeiras. Vamos fazê-lo imediatamente”, afirmou o futuro chefe da Casa Branca em um comício durante um evento em Phoenix, no estado do Arizona.
Com isso, Trump retoma uma iniciativa que já tinha mencionado em seu mandato anterior (2017-2021), mas arquivou a pedido do então presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, que aceitou cooperar na segurança, embora tenha rejeitado uma possível intervenção militar americana em seu território.
O republicano lembrou a conversa por telefone que teve em novembro com a atual presidente do México, Claudia Sheinbaum, na qual assegurou que foi “muito forte” ao apontar a problemática dos migrantes em situação irregular e do tráfico de fentanil.
“Falei com a nova presidente, que é uma mulher encantadora e maravilhosa (…), mas disse-lhe: não se pode fazer isto com nosso país, não aguentamos mais”, disse Trump.
Sheinbaum rejeita a possibilidade de que as máfias mexicanas sejam designadas como organizações terroristas usando o mesmo argumento de López Obrador, de evitar uma incursão estrangeira que atente contra a soberania do país, uma posição que reiterou neste domingo, durante uma visita ao estado de Sinaloa (noroeste), que sofre com uma escalada da violência do crime desde setembro.
“Nós colaboramos, coordenamos, trabalhamos, mas nunca seremos subordinados. O México é um país livre, soberano, independente e não aceitamos intervencionismos no nosso país”, disse a presidente mexicana, sob aplausos, durante um ato político.
Trump reiterou que assim que voltar à Casa Branca vai assinar uma ordem executiva para fechar as fronteiras do país aos migrantes sem documentos e dará início ao maior plano de deportação de estrangeiros da história dos Estados Unidos.
O republicano insistiu em que a deportação servirá para expulsar membros de gangues e máfias estrangeiras que, segundo ele, entraram nos Estados Unidos devido à política migratória do governo do presidente Joe Biden.
“Cada gangue estrangeira e estrangeiro ilegal, toda esta rede criminosa que opera em solo americano será desmantelada, deportada e destruída”, afirmou.
Trump também prometeu lançar uma nova campanha publicitária antidrogas para mostrar o impacto físico do consumo de drogas como o fentanil.
“Vamos mostrar em propagandas o quão ruins as drogas são para você. Elas destroem sua aparência, destroem seu rosto, destroem sua pele, destroem seus dentes”, disse Trump, na conferência do grupo conservador Turning Point.
Trump deu poucos detalhes concretos sobre a campanha publicitária, que aparentemente não havia mencionado antes e que comparou a uma campanha política. Ele disse que sua administração gastaria “muito dinheiro” no programa, mas que seria uma “quantia muito pequena de dinheiro, relativamente”.
O plano de Trump tem ecos da campanha antidrogas “Apenas Diga Não”, liderada pela ex-primeira-dama Nancy Reagan na década de 1980 para incentivar os jovens americanos a recusarem as drogas.
Entre 50.000 e 60.000 americanos devem morrer de overdose de opioides sintéticos este ano, a maioria por consumo de fentanil ou drogas relacionadas.
A crise do fentanil foi destaque na campanha presidencial de 2024 de Trump, mesmo que as mortes por opioides sintéticos tenham mais do que dobrado durante seu mandato de 2017 a 2021.