O presidente eleito Donald Trump afirmou que começará a perdoar "na primeira hora" de seu governo seus apoiadores que invadiram o Capitólio, em 6 de janeiro de 2021. A promessa foi feita durante entrevista à revista norte-americana "Time" revelada nesta quinta-feira (12). Trump toma posse em 20 de janeiro de 2025.
O republicano afirmou que seu governo analisará caso a caso, mas indicou que os casos não violentos serão perdoados instantaneamente: "Acredito que eles já foram punidos demais".
"Vamos olhar cada caso individualmente, e faremos isso muito rapidamente, começando na primeira hora em que eu assumir o cargo. E uma grande maioria dessas pessoas não deveria estar na prisão, e elas sofreram enormemente", afirmou Trump.
No dia 6 de janeiro de 2021, milhares de apoiadores de Trump invadiram o Capitólio, prédio que abriga o Congresso dos EUA. Eles tentavam impedir a contagem oficial dos votos da eleição pelo Senado norte-americano, que certificaria a vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais de 2020. Centenas de pessoas foram condenadas no caso. (Leia mais abaixo)
Trump sempre negou a gravidade da invasão ao Capitólio e a culpabilidade dos acusados, e citou outras insurgências populares ocorridas nos últimos anos pelos EUA para justificar o caso durante a entrevista.
O presidente Joe Biden, que está em seus últimos dias de mandato, perdoou no final de novembro o filho Hunter, condenado em casos de compra ilegal de arma e de sonegação de US$ 1,4 milhão em impostos. Biden foi criticado pela medida, o que pode colocar seu legado político em xeque, segundo analistas norte-americanos.
Na entrevista à revista "Time", Trump também prometeu iniciar imediatamente as deportações de imigrantes ilegais e a extração de petróleo.
Relembre a invasão ao Capitólio
Para a Justiça dos EUA, a invasão ao Capitólio de 2021 ainda não acabou. Até o início deste ano, julgamentos e audiências de acusados ainda estavam acontecendo e a busca por suspeitos ainda estava em curso.
No momento da invasão, a sessão da Câmara foi interrompida e os legisladores foram obrigados a fugir e se abrigar nos porões do prédio. Até mesmo o vice de Trump, Mike Pence, estava entre os que correram risco de vida durante a violenta invasão – muitos dos manifestantes o consideravam um “traidor” por aceitar a declaração de Biden como novo presidente.
Mais de 1.230 pessoas foram acusadas de crimes federais no motim e por cometerem, desde delitos menores, como invasão, até crimes graves, como agressão a policiais e conspiração sediciosa.
Neste grupo estão:
Cerca de 730 pessoas que se declararam culpadas das acusações e aproximadamente 170 condenadas após julgamento;
Aproximadamente 750 pessoas condenadas, com quase dois terços cumprindo algum tempo atrás das grades;
Dois réus absolvidos de todas as acusações.
Em agosto de 2023, Trump virou réu após ser acusado de tentar reverter de forma ilegal o resultado das eleições presidenciais de 2020. No processo, a invasão do Capitólio foi considerada parte das tentativas de interferência nas urnas.
Na ocasião, o procurador especial Jack Smith, que lidera o processo, fez um curto discurso: "O ataque de 6 de janeiro de 2021 foi um ataque sem precedentes à democracia, foi motivado por mentiras do réu porque ele não queria a contagem e a certificação do resultado das eleições", afirmou Smith.
No entanto, Jack Smith decidiu desistir do caso após Trump ser eleito, por conta de uma decisão da Suprema Corte que concede imunidade a presidentes contra casos criminais e por medo de sofrer perseguição.