Cuiabá, 12 de Novembro de 2024

OPINIÃO Quinta-feira, 07 de Novembro de 2024, 08:51 - A | A

Quinta-feira, 07 de Novembro de 2024, 08h:51 - A | A

Oscar Soares Martins

O futuro do Varejo e a Segurança de Dados

A adaptação a essas mudanças é complexa, e muitos consumidores ainda desconhecem os cuidados necessários para navegar com segurança nesse ambiente, tornando urgente a conscientização sobre o uso e a proteção de dados.

Oscar Soares Martins

O comércio global e brasileiro atravessa uma transformação digital intensa, impulsionada por inovações tecnológicas que alteram as relações de consumo. Essa nova era oferece benefícios e conveniência, mas traz desafios, especialmente em relação à segurança dos dados nas plataformas digitais. A adaptação a essas mudanças é complexa, e muitos consumidores ainda desconhecem os cuidados necessários para navegar com segurança nesse ambiente, tornando urgente a conscientização sobre o uso e a proteção de dados.

Vários setores estão sendo impactados pela digitalização, entre eles, o varejo. Nos Estados Unidos, redes como Walgreens, CVS, Best Buy, Wallmart, Sport Authority, Bed Bath & Beyond e Target vem reduzindo significativamente suas presenças físicas: Walgreens fechou 1.200 lojas, CVS, 900, refletindo a queda do consumo presencial e a preferência crescente por canais digitais. A Toys “R” Us, icônica rede de brinquedos, encerrou suas operações físicas, simbolizando o declínio do comércio tradicional e a ascensão das plataformas digitais.

No Brasil, as Americanas: encerrou as atividades de 159 pontos de venda, passando de 1.880 para 1.721 lojas, Carrefour: anunciou o fechamento de 123 estabelecimentos, incluindo 16 hipermercados, 94 lojas da marca, Marisa: fechou 91 lojas em 2023 como parte de um processo de reestruturação financeira, Casas Bahia: reduziu sua presença física com o fechamento de 38 lojas até o terceiro trimestre de 2023, Rede Dia: anunciou o encerramento de 343 supermercados e três centros de distribuição no Brasil, concentrando suas operações no estado de São Paulo.

O comércio digital está altamente concentrado. No Brasil, somente o Mercado Livre já responde por aproximadamente 28,9% das transações online, enquanto a Amazon representa 23,2%, controlando, juntas, mais da metade do mercado digital. Globalmente, a Amazon lidera com previsão de faturamento de 5,14 trilhões de dólares para 2024. Essa concentração de mercado e de dados pessoais, embora ofereça conveniência, cria um ambiente suscetível a ataques, com milhões de dados pessoais e bancários circulando e atraindo cibercriminosos. Em 2023, o Brasil registrou mais de 20 bilhões de tentativas de ataques cibernéticos, aumentando os riscos de uso indevido ou vazamento de informações.

A proteção de dados é, portanto, uma questão essencial. Empresas que lideram essa transformação digital precisam investir consistentemente em cibersegurança para proteger a privacidade de seus clientes. Tecnologias como criptografia de dados, autenticação multifatorial e monitoramento de atividades suspeitas são medidas eficazes para mitigar os riscos associados ao ambiente digital. Por outro lado, consumidores precisam adotar práticas seguras, como o uso de senhas fortes e autenticação em duas etapas, para garantir a proteção de suas informações.

A inteligência artificial (IA) adiciona outra camada de complexidade à segurança de dados. Embora a IA ofereça vantagens em personalização e eficiência, aumenta o volume de dados processados, elevando os riscos de uso indevido. Em 2023, 78% das empresas brasileiras que utilizam IA expressaram preocupações com a segurança de dados, especialmente no uso de algoritmos para prever o comportamento dos consumidores. Esse avanço exige uma abordagem de cibersegurança robusta para proteger informações e aumentar a confiança dos usuários.

A transparência é um fator essencial no cenário digital atual, onde consumidores valorizam empresas que demonstram compromisso com a segurança e privacidade de seus dados. Empresas que comunicam suas políticas de forma clara e acessível conquistam a confiança dos clientes, um elemento crucial para o sucesso no mercado digital, onde segurança e transparência se destacam como diferenciais competitivos.

A criação de uma cultura de cibersegurança que envolva tanto empresas quanto consumidores é igualmente importante. Empresas devem treinar colaboradores para que compreendam práticas seguras e saibam identificar ameaças, enquanto campanhas de educação digital para os consumidores incentivam boas práticas de segurança. A transformação digital vai além da tecnologia; ela é uma responsabilidade compartilhada, onde empresas e consumidores constroem um ecossistema digital mais confiável. Na era da economia digital e da IA, a segurança da informação é um pilar essencial para o sucesso das plataformas e um direito fundamental dos consumidores.

*Oscar Soares Martins, consultor especialista em Cibersegurança.

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