No dia em que celebramos a Páscoa, um período de renovação e reflexão, somos convidados a revisitar e aprender com os erros do passado. Os documentários “O Holocausto Brasileiro” e “Em Nome da Razão” nos colocam frente a frente com a dolorosa realidade dos crimes cometidos contra a humanidade, sob a tutela do Estado, em instituições de saúde mental no Brasil.Essas obras, disponíveis na Netflix e no YouTube, respectivamente, são testemunhos cruciais da desumanização que famílias, profissionais de diversas áreas e o próprio Estado podem promover. Elas nos confrontam com cenas e histórias impensáveis, deixando uma marca indelével em nossa consciência e convocando-nos à reflexão contínua sobre a fragilidade da dignidade humana quando ignorada.
Franco Basaglia, psiquiatra italiano que se destacou por denunciar tais atrocidades, uma vez disse: “Quando a instituição destrói e mata, não há solução de compromisso possível, pois seria um compromisso com a morte.” Esta frase ecoa a urgência de impedir que tais abusos voltem a ocorrer. É imperativo que, como sociedade, não viremos as costas para a história e os ensinamentos brutalmente extraídos dela.
Nos filmes, observamos como o desrespeito, a negligência e a violência institucional foram invisíveis por muito tempo. Cabe a nós, agora, garantir que esses graves erros nunca sejam relegados ao esquecimento, sob pena de voltarem a ser praticados por famílias, profissionais e pelo próprio Estado.
Para evitar que a barbárie se repita, algumas medidas se mostram indispensáveis:
- Educação e Sensibilização: Integrar discussões sobre direitos humanos e dignidade nos currículos educacionais é fundamental para formar cidadãos mais conscientes e engajados.
- Formação Ética de Profissionais: Investir em cursos e treinamentos que enfatizem a empatia e o respeito à dignidade humana é crucial na formação de profissionais da saúde, do direito e da segurança pública.
- Políticas Públicas Rigorosas: O Estado deve implementar políticas de fiscalização rigorosas e transparentes nas instituições, garantindo que práticas desumanas não sejam toleradas sob nenhuma circunstância.
- Apoio Integral às Famílias: Oferecer suporte psicológico e social abrangente às famílias pode prevenir que, em momentos de desespero, recorram a soluções que violem a dignidade de seus entes queridos.
Nesta Páscoa, ao celebrarmos a ressurreição e a renovação da esperança, somos convocados a reacender a chama da humanidade em cada um de nós, traduzindo-a em ações concretas de amor, empatia e irrestrito respeito ao próximo. É um chamado para que todos – famílias, profissionais e instituições – ajam com diligência e compaixão, evitando a repetição dos erros grotescos que maculam nossa história. A memória viva de “O Holocausto Brasileiro” e “Em Nome da Razão” não deve apenas nos chocar e comover, mas, acima de tudo, impulsionar mudanças profundas e duradouras. Que possamos, mais do que simplesmente lembrar, agir com determinação para que a barbárie jamais encontre espaço em nossa sociedade, seja em Barbacena ou em qualquer outro rincão do Brasil.
Para mais informações sobre o *Holocausto Brasileiro*, consulte:
???? Hospital Colônia de Barbacena - *Holocausto Brasileiro.
???? *Em nome da razão (1979)*
(*) ANGELO SILVA DE OLIVEIRA é controlador interno da Prefeitura de Rondonópolis/MT (Licenciado), presidente de honra da Associação dos Auditores e Controladores Internos dos Municípios de Mato Grosso (AUDICOM-MT), mestre em Administração Pública (UFMS), especialista em Gestão Pública Municipal (UNEMAT) e em Organização Socioeconômica (UFMT), graduado em Administração (UFMT) e auditor interno NBR ISO 9001:2015 - Sistema de Gestão da Qualidade (GITE).