Cuiabá, 30 de Março de 2025

INTERNACIONAL Quinta-feira, 27 de Março de 2025, 08:35 - A | A

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aponta estudo

Tubarões-brancos estão desaparecendo na África do Sul

R7

Um estudo publicado na revista científica Frontiers in Marine Science revelou que o desaparecimento dos tubarões-brancos da Baía Falsa, na África do Sul, desencadeou profundas mudanças ecológicas no ecossistema marinho da região.

Pesquisadores da Escola de Ciências Marinhas, Atmosféricas e da Terra da Universidade de Miami Rosenstiel analisaram por mais de duas décadas a presença dos tubarões na região e documentaram uma série de impactos da ausência do predador no mar sul-africano.

Historicamente muito presentes na Baía Falsa, os tubarões-brancos sofreram uma drástica redução populacional até praticamente desaparecerem. Entre os fatores apontados para essa perda estão décadas de capturas em redes de proteção para banhistas e, mais recentemente, a predação por orcas.

A ausência do principal predador desencadeou um efeito cascata: houve um aumento significativo da população de focas-do-cabo (Arctocephalus pusillus) e de tubarões-de-sete-guelras (Notorynchus cepedianus), o que resultou no declínio de peixes que servem de alimento para as focas e de pequenos tubarões, presas dos tubarões-de-sete-guelras.

Como foi feita a pesquisa?

O estudo utilizou diferentes métodos para registrar essas mudanças, incluindo monitoramento de longo prazo por embarcações, registros de focas-do-cabo e vídeos subaquáticos remotos com iscas (BRUVS) para analisar a abundância de peixes e pequenos tubarões.

Os cientistas concluíram que a ausência dos tubarões-brancos desregulou a cadeia alimentar, confirmando teorias ecológicas que preveem esse tipo de impacto quando predadores do topo desaparecem.

“A perda desse predador icônico levou ao aumento de focas e tubarões-sete-guelras, o que coincidiu com a queda de espécies das quais esses animais dependem para alimentação”, explicou o pesquisador Neil Hammerschlag, autor principal do estudo.

Ele conduziu a pesquisa enquanto fazia parte do Programa de Pesquisa e Conservação de Tubarões da Universidade de Miami Rosenstiel.

Yakira Herskowitz, coautora do estudo e ex-aluna de pós-graduação da Rosenstiel School, destacou o papel essencial das filmagens subaquáticas para entender as mudanças no ecossistema. “O número de indivíduos registrados nos vídeos nos informa não apenas sobre sua abundância, mas também sobre seu comportamento. Espécies que estão sob maior risco de predação tendem a ser mais elusivas e, portanto, menos detectadas por nossas câmeras”, afirmou.

Os pesquisadores alertam que o desaparecimento dos tubarões-brancos pode trazer consequências de longo prazo para a saúde dos oceanos. Sem esses predadores de topo para regular as populações, o equilíbrio ecológico marinho fica comprometido.

O estudo, intitulado Evidência de efeitos em cascata do ecossistema após a perda de tubarões brancos de False Bay, África do Sul, foi publicado na terça-feira (25). Além de Hammerschlag e Herskowitz, assinam o artigo Chris Fallows, da Apex Shark Expeditions, e o brasileiro Thiago B.A. Couto, do Lancaster Environment Centre, da Lancaster University.

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