Além do padre José Eduardo de Oliveira e Silva, uma das 37 pessoas indiciadas pela Polícia Federal no inquérito do golpe, mais dois sacerdotes católicos são citados no relatório final da Polícia Federal sobre a investigação.
No documento, a PF menciona encontro entre Jair Bolsonaro e o padre Genésio Lamounier Ramos no dia 12 de dezembro de 2022, ao listar falas do então presidente da República para a militância bolsonarista na porta do Palácio da Alvorada.
Na ocasião, o padre foi recebido por Bolsonaro e, diante do espelho d’água do Alvorada, fez uma oração que, na avaliação da Polícia Federal, teria incitado “a realização de um golpe de Estado com a participação das Forças Armadas”.
“Após o dia 9 de dezembro, Jair Bolsonaro realizou pelo menos outros dois encontros com seus apoiadores no Palácio do Alvorada. No dia 12 de dezembro de 2022, o evento contou com a presença do padre Genésio Lamounier Ramos, que fez um discurso incitando a realização de um golpe de Estado com a participação das Forças Armadas”, diz a PF no relatório.
Terceira parte do relatório
Além do padre Genésio e do padre José Eduardo, um terceiro sacerdote aparece brevemente no relatório final da PF sobre o inquérito do golpe. Trata-se do padre Paulo Ricardo, conhecido na internet por sua postura conservadora.
Padre Paulo é citado inicialmente em um e-mail enviado pelo padre José Eduardo a Filipe Martins, então assessor para Assuntos Internacionais de Bolsonaro. No e-mail, ele fala do colega e solicita um encontro com Bolsonaro.
“Sabendo da firme posição do presidente Jair Bolsonaro em defesa da vida e contra o aborto, Padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior e eu, que estamos há anos engajados no movimento pró-vida e conhecemos bem o desenvolvimento dos dispositivos facilitadores do aborto em nossa nação, gostaríamos de ter uma conversa privada com o presidente para lhe referir algumas iniciativas que podem ser tomadas imediatamente pelo Poder Executivo e que, portanto, são de seu especial interesse”, diz a mensagem destacada pela PF.
Padre Paulo Ricardo também é citado em outro trecho do relatório. A PF identificou uma troca de mensagens, em 12 de dezembro de 2022, entre José Eduardo e o sacerdote, na qual Paulo Ricardo afirma estar conversando com Filipe Martins.
“Ainda foi identificado um registro de conversa que reforça a ligação entre o padre José Eduardo e o ex-assessor Filipe Martins. Trata-se de um diálogo realizado com o contato salvo como ‘Paulo Ricardo de Azevedo Jr.’, vinculado ao número de telefone +5565….., o qual pertence a Paulo Ricardo de Azevedo Júnior, em 25/12/2022, período em que os investigados ainda nutriam a esperança de consumação do golpe de Estado. Na mensagem, José Eduardo diz: ‘Estou falando com o Filipe Martins’”, afirma a PF.
Embora tenham sido mencionados no relatório final, os padres Genésio e Paulo Ricardo não estão na lista de 37 pessoas indiciadas pela Polícia Federal no inquérito do golpe. O único sacerdote indiciado foi José Eduardo.