A fabricante de veículos elétricos Tesla parou de aceitar, na China, novos pedidos de compra para dois modelos de carros que a empresa importa de uma fábrica nos Estados Unidos.
A companhia do bilionário Elon Musk não detalhou os motivos da suspensão nas vendas. A medida veio, no entanto, logo após Pequim anunciar tarifas de 125% sobre a importação de produtos norte-americanos, em nova resposta às taxas impostas pelo presidente Donald Trump.
O site da Tesla na China deixou de ter o botão "pedido" do sedan Model S e do utilitário esportivo Model X já nesta sexta-feira (11). Os clientes ainda têm, no entanto, a opção de comprar um desses modelos produzidos em sua fábrica em Fremont, Califórnia, caso haja estoque.
O Model S, um sedã de luxo, é vendido nos EUA por US$ 81.630, o que equivale a R$ 480 mil sem as taxas de importação e custos de transporte. Já o Model X, um SUV médio, é vendido por US$ 86.630, ou R$ 510 mil, também sem os custos envolvidos para importação.
Guerra tarifária
A mais nova escalada da guerra tarifária entre EUA e China teve início no dia 2 de abril, quando Donald Trump detalhou seu "tarifaço" que atingiu mais de 180 países.
Após o anúncio, a China respondeu com tarifas de 34%, em retaliação às taxas de mesma magnitude impostas pelos norte-americanos. Começaram, então, réplicas e tréplicas entre os países.
Na quinta-feira, a Casa Branca confirmou que as taxas cobradas sobre produtos importados da China chegaram a 145%. O gigante asiático, então, respondeu com novas tarifas, elevando a 125% a cobrança sobre itens dos EUA que entram no país. O aumento passa a valer neste sábado (12).
Produção da Tesla na China
A Tesla opera uma fábrica de automóveis e uma planta de baterias em Xangai. A Gigafactory, inaugurada em 2020, foi a primeira fábrica de carros da Tesla fora dos EUA.
Na instalação de Xangai, a empresa produz o sedã médio Model 3 e o utilitário esportivo Model Y para venda na China e para exportação.
Em março, as vendas de carros fabricados na China pela Tesla caíram 11,5% em comparação com o ano anterior, de acordo com a Associação Chinesa de Carros de Passageiros.
A Tesla tem lutado para se defender de concorrentes chineses que estão reduzindo sua participação de mercado na China. O principal concorrente da empresa, a BYD, registrou um aumento de 23% nas vendas durante o mês.
Tesla tem queda global de vendas
As vendas mundiais da fabricante de veículos elétricos Tesla caíram mais do que o previsto no primeiro trimestre, um impacto causado pelo papel de seu proprietário, Elon Musk, no governo de Donald Trump.
Musk é conselheiro do governo para a realização de cortes de gastos e diminuição do Estado, no Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês).
A marca, então, tem sido alvo de críticas, atos de vandalismo, protestos e pedidos de boicote nos EUA e em outros países.
As vendas da Tesla caíram 13% no trimestre encerrado em 31 de março, com 336.681 automóveis vendidos contra 386.810 no mesmo período de 2024. Foi o menor volume de vendas da empresa em quase três anos, abaixo da faixa entre 355 mil e 360 mil estimada pela empresa Wedbush.
A fabricante ainda faz esforços para atualizar seus modelos, entre eles o popular Model Y, de 2020. As vendas da picape Cybertruck, lançada no fim de 2023, não atenderam às expectativas do mercado.
Em 20 de março, a Tesla fez um 'recall' de mais de 46 mil caminhonetes Cybertruck, cujos painéis da carroceria corriam o risco de cair por causa de um defeito no adesivo usado em sua fabricação, segundo a Agência americana de Segurança Viária (NHTSA).
A Tesla no mercado europeu
O grupo não publicou a queda das vendas por países, mas os dados das autoridades locais mostram um retrocesso durante vários meses em várias nações, particularmente na Europa.
Só no mês de março, as vendas da empresa caíram 36,8% na França e 63,9% na Suécia. Na Dinamarca, a queda foi de 56% no primeiro trimestre.
A Tesla reduziu seus emplacamentos em 49% acumulados nos meses de janeiro e fevereiro na União Europeia, caindo para 19.046 veículos e 1,1% da cota de mercado, segundo dados publicados em 25 de março pela Associação de Construtores (ACEA).
Paralelamente, a marca, pioneira em veículos elétricos, enfrenta com sua linha já envelhecida uma enxurrada de novos modelos lançados por concorrentes, tanto europeus quanto asiáticos.