Apesar da crescente adoção de tecnologias como Internet das Coisas (IoT) e Inteligência Artificial (IA), o agronegócio brasileiro enfrenta barreiras para alcançar a plena modernização digital. O Índice de Transformação Digital Brasil (ITDBr), elaborado pela PwC e Fundação Dom Cabral, avaliou a maturidade digital do setor em 3,1 pontos em uma escala de 6, abaixo da média geral de 3,7. A pesquisa destaca lacunas em governança, estratégia e capacitação cultural, com a dimensão "pessoas e cultura" registrando a menor pontuação: 2,7.
Apesar dos desafios, o setor é destaque na adoção de IoT, presente em 45% das empresas agropecuárias, contra uma média geral de apenas 9%. A IA também se mostra relevante, sendo aplicada por 36% das organizações, superando a média de 20%. Contudo, a transformação digital ainda segue uma abordagem conservadora, com 75,8% das empresas do agro adotando investimentos seletivos, enquanto apenas 3% são classificadas como "visionárias" na priorização estratégica da digitalização.
Entre os entraves apontados, estão a ausência de visão clara para modelos de negócios digitais (42%) e dificuldades em acompanhar tendências tecnológicas (67%). Ainda assim, 69% das empresas reportaram ganhos em eficiência operacional, indicando que a transformação digital já traz impactos positivos. Contudo, planejamento estratégico e gestão permanecem como áreas críticas a serem desenvolvidas.
“A maioria das empresas do agronegócio ainda está definindo seus objetivos e razões para usar a inteligência artificial, com foco principalmente em eficiência, conforme observamos em nosso estudo”, avalia a sócia da PwC Denise Pinheiro.
O alinhamento entre transformação digital e ESG é outra oportunidade latente. Apenas 43% das empresas agropecuárias utilizam tecnologias digitais para práticas ESG, abaixo da média de 52%. No entanto, o setor apresenta iniciativas em desenvolvimento superiores à média de outros segmentos, indicando esforços promissores rumo à sustentabilidade integrada à digitalização.